Nostalgia

Sonhos que vão ficando para um próximo futuro ....
Uma longa jornada de muitas transformações
Pedras e muros que se aproximam ...

Esconderijo

Notas delicadas que ninam os sonhos
Crescendo a grandeza de ser um e ser todo.
Correndo no meio do pátio escuro dos haréns.
Esplendor que reflete

Curvas que abrem o caminhos infinitos
Sonetos nunca antes escritos
Sem poemas descrevendo os céus
Saltos para voar muito longe

Portas batendo levemente
Caindo levemente
Ruídos profundos, palmas silenciosas
Silêncio...


Monólogo do povo ( Chico Buarque - Gota D'agua)

"Muito bem Jazão. Você é poeta, perigoso, porque de repente esta dando as palavras a intenção que interessa você. Só que essa ansiedade que você diz, não é coisa minha não. É do infeliz do teu povo, ele sim que anda aos prantos pendurado na quina dos barrancos. Seu povo que é urgente, coisa cega, coração aos pulos, pois carrega um vulcão amarrado pelo umbigo, ele então não tem tempo, nem amigo,e nem futuro, que uma simples piada pode dar em risada ou punhalada, como uma mesma garrafa de cachaça acaba em carnaval ou em desgraça. É seu povo que vive de repente porque não sabe o que vem pela frente então ele costura fantasia, sai fazendo fé na loteria, se afinhando, se esguelando no estádio, bebendo no gargalho, pondo no rádio sua própria tragédia a todo volume, morrendo por amor e por ciúme, matando por um maço de cigarro, e se atirando debaixo do carro. Se você não aguenta essa barra tem mais é que se mandar, se agarra na barra do manto do poderoso crionte e fica lá em pleno gozo de sossego, dinheiro, e posição com aquela mulherzinha. Mas Jazão, já lhe digo o que vai acontecer, tem uma coisa que você vai perder que a ligação que você tem com a sua gente, o cheiro dela, o cheiro da rua. Você pode dar banquete Jazão, mas samba é que você não faz mais não, não faz.. e é ai é que você se atocha, por que vai tentar, e sai samba ruim. essa é a minha maldição, gota d’água nunca mais seu Jazão, Samba? aqui oh... Nunca ! Você não engana ninguém, nunca !! Gota d’água ? NUNCA MAIS ! (Desesperada)/(Choro)Vai! Vai ! Vai atrás dela vai ! Corre,não é essa a sua grande ambição? Depressa! Bebe, come, lambe, goza... mas se quem faz justiça nesse mundo me escutar, esse casamento imundo não vai haver não, por falta de esposa. (Gritando)"

Quando vi

Não escutei o fenesi
dos seu passos opacos
Só vi seus olhos no dervixe
Que era aquela noite

Amuleto sem amor
Simples sinestesia complexa
Um nó cheio de engôdo
Que não desata

Fica assim, suspenso
Meio sem sentido
Manso ...
Tudo bem?





Figuras da minha linguagem

No fundo de um salão

As nuvens escondidas

Vagando, vadias, velhas

Em uma vala

Alegres, aleijadas

Amarguradas

Assim, durante

Eu sendo na noite

Rebuscada

Sem teto ou tato


"Tique-taque

Tique-toque"


No fundo de um salão

Fétido, seco, molhado

Macio, abafado, ventilado

Eu, observando o universo

Observando-me

Cheio de ratos


No fundo de um salão

E engolia o pé da mesa

E lia os olhos dos livros

E via o som do mar


Em mim, no fundo de um salão

Sub serei em baixo dos céus

Nascendo há tantos e tantos...


Aqui sou rei
Sou príncipe

Sou duque

Plebeu, não sou eu

Cotidiano

Duas semanas
Colarinho apertado
Pressão atmosférica
Cardíaca

Claustrofobia
Antropofagia

Rápido, rápido
Circuito fechado
Curto
Acelerado

Pluviometria
Precipitação

Passagem
Fast-food
Engrenagem
Transito

Come, não
Engole
Corre, corre
Vamos! Morre!










Côco de Pagu (Raul Bopp)

Pagu tem os olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-coco quando passa.
Coração pega a bater.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Passa e me puxa com os olhos
provocantissimamente.
Mexe-mexe bamboleia
pra mexer com toda gente.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Toda a gente fica olhando
o seu corpinho de vai-e-vem
umbilical e molengo
de não-sei-o-que-é-que-tem.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Quero porque te quero.
Nas formas do bem-querer.
Querzinho de ficar junto
que é bom de fazer doer.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.



Sagaz

Quero sair do nexo
Entender o Akhástico
Ser a consciência
Dentro do inconsciente caos organizacional

E se souber que não há sofrer?
Apenas se transformará
Sem certezas se encerrará
Furtivamente morrerá

Buscar o fim
Entender o começo
Comer a sagacidade
E rasgar a verdade

Quero modificar o agora
Superar o futuro
Reconstruir o pesado passado
Unificar o entendimento

Mudar de forma
Engolir a placenta devagar,
Divagar...
Crescer, andar, calar

Sair daqui, deste suporte
Voltar quando quiser voar
Subentender-me
Com fim, licença para mim

Gema brasileira

Em época de eleições

Vejo muitas mudanças acontecerem

Pessoas rejuvenescerem

Milagres e lições

Em anos de eleições

Vejo opiniões

Discursos

Discutições

Uma tramela

Batendo na minha porta

Gema amarela

E o progresso que não se torne regresso

Se não serei eu,

Que proíbem de votar,

Que ousarei no ápice de uma revolução

Me revoltar

45 anos

O que serei daqui a trinta anos?

Uma mero desejo?
O sopro, um pensamento?
Serei meiga ou forte?
Inteligente ou dramática?

O que serei daqui a trinta anos?

Serei eu ?
Serei você?
Saberei quem sou?
Ou o futuro?

O que serei daqui a trinta anos?

Será que vou achar os papeis que guardei?
Ou as lembranças que sonhei?

Será que vou dormir tranqüilamente?
Ou será que não durmirei?

Será que vou encontrar o caderno velho, onde você riscou?
Será que vou lembrar que prometi te ligar?

O que serei daqui a trinta anos?

No que me formarei?
Pedagogia?
Letras?
Ou advocacia?

Comerei alface ou pílulas?
Serei uma nuvem ou aço?

Acho que me perderei no espaço
Esquecerei de muitas coisas
Mas me lembrarei de muitas pessoas,
lugares, fotografias, cheiros...

Tudo o que poder me dar conforto
Depois de tantos fatos e desgastos
Serei um estrela em uma noite estrelada

O que você será daqui a trinta anos?


Dedicado a Bruno Candotti a quem prometi que lembraria quando tivesse 45 anos.






De que nada servirá

Depois de mais de dez minutos esperando a telefonista me atender alguém atende e desliga.
Ahhhh que raiva.
Ligo de novo. Espero que alguém menos eletrônico me escute. Entenda-me, compreenda meus problemas e conflitos. Choro ao perceber que sou apenas mais uma insignificante pessoa no meio de tantas outras. Esperando e que também estão aflitas, como eu. Para eles, somos a velha retórica: números. Apreensiva, mordo a borracha de um lápis enquanto escuto a música chata pela milésima vez. "Tan , Tananã, Tan, Tan..." e repete e repete. Não sei mais o que faço, agora estou com tanta raiva que sou capaz de xingar a mãe da atendente. Calma!A música para. Um segundo de silêncio...
E a voz eletrônica diz: "Seu tempo de espera é de 15 minutos". A música volta. A raiva aumenta, disseram que havia uma lei onde o tempo máximo de espera é de 10 minutos. Agora me sinto lograda, apenas uma maquina de movimentação que aguenta como pode o capitalismo. Oh, o mau dos males : O Capitalismo.
Seguro forte o telefone, com vontade de arremessa-lo na parede. Percebo que o lápis já está todo mordido. RAIVA.

Sem paciência, desligo o telefone, pensando me vingar deles. Alivio. Me vingar da voz eletrônica, negar-lhes meus lamentos e aflições a todos aqueles seres imundos. O que de nada servirá, claro.

Work / Word

Ternura

Vida dura


So, sorry

Habitua
Miniatura
Habitua

Caminhão no chão
Pé no asfalto

Alto trapézio
Alto...

Cor decorada
Aba do amor

Pena que cai devagar
Aterrissa no ar

Dois menos um

Culpa

Para a resposta
Longe de chegar





Sonho (Clarice Lispector)

"Sonhe com o que você quiser.
Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.

Dificuldades
para fazê-la forte.
Tristezas
para fazê-la humana.

E esperança suficiente para fazê-la feliz."

Borboletas...

Vou falar sobre o leve vou da borboleta por que não aguento mais ouvir sobre a metáfora da metamorfose.
O vou é tão leve que nem sei com se sustenta em tão pesado ar. Asas balançam de vagar para ensinar que tudo é lindo de longe. Você já viu um borboleta de perto? Mas tem que ter sido bem perto mesmo... é feio, posso lhe garantir. "Ninguém de perto é normal" - Há Há
Essa borboleta que é tão frágil, doce, mística, colorida e tantas outras coisas que sinto quando a vejo. Um estimulo visual, de longe (como já disse). Em seu vôo próprio, em seu lugar sem poluição, sem entomologistas ou colecionadores.

Você gostaria de algum dia ser uma borboleta?

Pois você já deve ter feito parte de uma, como? Com a sua matéria que transita pelo universo... Só não se lembrar por que seu pensamento não transita no universo... Ou transita?
Acho vou dormir um pouco, essas coisas de borboleta me deixam com sono.

Carta ao amor

Olá querido,

Preciso-lhe falar com urgência. Estamos em tempos de morte e eu estou morrendo. Aos poucos vou deixar de ser para integrar o universo como outra matéria. Embora não será um morte como pensas: morrerei em pensamento e nascerei amanhã de manhã. Mas queria lhe falar hoje enquanto você causa em mim esta morte vagarosa, ela que mata enquanto estou além da mim mesma.
Te amo, para isso foi necessário parar de morrer por um instante para me jogar neste abismo sucumbi-dor que se torna o amor que não existe no fim. Me ajude, antes que o sol apareça para eu não esquecer dessa grande besteira que te escrevo, pois não quero que morras nesta figura terna que agora representas tu em mim.
Escrevo para vomitar este sentimento, parir qualquer fragmento: entende-lo em mim se der: não quero-lo : e amanhã de manhã morrer no sol, como um ingênuo pedaço de história viva (o que na verdade nunca se tornará).
Desculpa se não o digo, espero que nunca leia, por isso aqui escrevo. Estou um tanto consternada, como sempre o desespero me pegou de surpresa junto a esta ânsia no meio da noite morna.
Queira me perdoar se nunca ler, não posso fazer nada. Talvez te diga algum dia... Quanto tempo? Não quero ser egoísta contigo, que hoje se mostra em tal esplendor de felicidade e beleza. Ficarei neste estágio platônico, porque só Platão me entenderia agora, ou não...
Para você algo maior que esta incineração que sou hoje
Nunca sintas o desespero de não entender nada ao redor, siga o entendimento de não entender-se: como eu não pude fazer.

IV

Agora uma pequena pausa para lamentações de mim para mim mesma. Frustrações a flor da pele que esconde um profundo desejo de ser. Mas não assim medíocre, queria ser um novo pensamento, com provas e bases irrefreáveis, queria ser desejada assim, ou pior: queria desejar assim. Quintana me contou uma coisa hoje, em segredo, no meu ouvido, quando estava quase dormindo no chão do quarto. Chegou de vagar e disse assim:
"Eu sei apenas o meu próprio mal
Que não é bem o mal de toda gente

Nem é deste planeta... por sinal
Que o mundo se lhe mostre indiferente
[...]

E enquanto o mundo em torno se esbarronda,
Vivo regendo estranhas contradanças
No meu País de Trebizonda..."

O sinal de silêncio do semblante sentido daquela voz me deixou um tanto tonta, boba, sem entender o propósito de tais versos. Preciso criar a libertação para mim, entender a minha existência inexata. Como vou fazer para não derramar o leite? Como vou fazer para escrever? Não discursarei secretamente escondida de meus olhos, inventando desculpas cada vez mais frouxas neste sentido sem sentido: d-e-s-n-o-r-t-e-a-d-o. Falarei sem rapidez para mim mesma, quero comer a minha exatidão para não tentar me entender com condições de matemática. Estou a sangrar sem parar, uma angustia tão forte que nem quero levantar. Juro que não esperarei nada mais, não tentarei me controlar, fugirei com a cabeça quente e morrerei por minha própria vontade morta. Percebo novamente esta retórica que me persegue por que não sei escrever. Não tenho paladar nem olfato para apagar as luzes, muito menos acende-las. Você comerá um tira-gosto com dinheiro
cuidar da contradição de falar neste acesso. Estou morrendo muito rápido e nesta pequena suplica choro, por não saber me explicar. Choro por morrer e não poder explicar a retórica dos meus textos
de mim além dos quartos vazios, pretos
Vou querer toalhas brancas para festejar o anoitecer amortecido nesta repetição.
Acabou: para nada e para ninguém.

Coisas de Amélia da vida morta

Estava a beira de se jogar na profunda e mais profunda liberdade. Qual será a verdadeira importância de um grão de areia?
Eles se olhavam profundamente sem se tocaremo só para sentirem a gana do desejo que derrama florescente. Sangue de borboleta no parapeito da janela, ela ainda sentia a frustração na pele ao sentir o sentimento esfriar. Ele virou e ela se jogou do trapézio para não precisar mais equilibrar, sentimentos suicida a queria morta de amor, ou melhor de dor, para não olhar nada do ar.
Corria sempre para frente mas não saía do lugar, onde estaria? Apenas a eremita em cima do morro, que se jogou e virou noticia no jornal da manhã com cheiro de leite quente, sabia onde estava.
Se jogava para não dizer a verdade a si mesma. Algo melancólico e suicida era sua emblemática áurea azul-claro. Prometeu mudar as palavras, expressar-se melhor, viver e conhecer outras coisas, mas se viu dizendo a mãe que ela dormisse bem para o dia seguinte. Ela mesma não vivia este que passara direito.
Qual a verdadeira importância da verdade? Obscura missão ela tem. Durma no leito do rio para sentir a brisa da noite, quando acordasse seria tão fria que nem se entenderia. Frígida, se jogaria do trapézio para não se equilibrar.
Vozmecê não entende nada! Aprenda que a falta de nexo dela é apenas a fuga do mundo que a cerca, saiba que criança não entende o que falam, mas entende o que sente porque não tenta traduzir.
Ela se jogou para deixar aos seus irmãos a imagem dramática da bela flor, para que ele a olhasse diferente e não deixasse o sentimento esfriar. Não era necessário.
Piscar três vezes para não esconder a falta de medo nos dedos.

"Eu queria dizer diferente"

Alguém estava no canto escuro da parede, remexendo nas velhas feridas e mordiscando para formar novas que logo irão infeccionar. Olhou para mim profundamente e não disse nada, foi uma longa fala de olhares miúdos, tentando qualquer reconhecimento infantil.
Segurei as chaves com força até machucar a mão, larguei no chão para ouvir o estalo barulhento do choque com o assoalho velho. O que estava olhando? Indisciplinadamente se virou e andou na penumbra daquele quarto empoeirado. Passo à passo seguiu até chegar frente a mim. Segurou meus cabelos e me beijou a orelha com hálito quente.

Joelhos trémulos, voz calma, curtas palavras e um não. Qualquer noite dessas ele me visitará novamente, para mudar todas as ondas que ainda me mantém em pé. Soprará palavras de sossego no pensamento, quaisquer que aliviem a minha culpa. As feridas vão estar tampadas e ele mudará as gases só para eu sentir dor aguda de outono. A voz mórbida que me corroeu tais pensamentos, não consigo ao menos controlar, sou eu ? Música para aliviar, negar sempre, negar... "Qualquer droga ilegal ou proíba" como na música, serei Natasha e depois Ana Paula. Comprarei os reféns do mundo para me chamarem de heroína, oh droga!. Que apesar de matar não é assassina. Ele me mudará com todas as suas asas que não servem nem para sair do chão. Que vá! E que volte!

Para evolucionar o mundo, areia do deserto que entra n'alma.

Fedendo ao seu suor salgado, voltará? Pois peço, quando voltar me leve, do futuro para ver meu passado. Amargo do fim.

Non... Non...

De tal fortaleza se torna mulher
Seu instinto
Que não engana por qualquer

Insegurança penosa
Cristianismo segundo Eva
Morte segundo Adão

Quieta para si
Segura como ela
Que se em mim está
Agora não existe


Saudades

O inverno que nada dá além desta nostalgia promiscua, sensação de nada e desdenha curvas nesta alma que divaga e dilacera. De tal forma as coisas ocorrem que nem posso entender, assim como A. C. que me inspira neste momento, só. Serei egoísta? De tal forma me mato nesta saudade de algo tão longe de mim: Sp... A falta não sei de quê, a vontade de viver e talvez alguma coisa para se contar. Amanhã vou para um lugar que parece a augusta. Parece até engraçado, alguma compaixão ambiciosa ou farta de si. Essa vontade de viver aos sabores de um vento do norte e chocolate. C'est perverse. Vontade de mudar, vontade em versar algo menos meu; pessoal. Fique quieto enquanto poder para não parecer assim pequeno, infantilidade se paga com outras moedas de troca. A banda do amigo da minha amiga era tão nula que nem entendia o que queriam expressa nas cifras mais malucas que já ouvi. Quieta ! Controle-se e não entenderá a ligação de qualquer poeira com o gelo. Neste uvivo de desespero, fora do campo de comforto. Durmo com mentiras e acordo com a boca cheia de insetos mortos - como eu neste pequeno transe, que na verdade não sou eu. Uma música de natal, mordida mortal, saudade de casa. Daquele menino que me viu como em uma musica, o guarda roupa com "eu te amo" o palitó e o vestido enlaçado no chão do cedo acordar. Como hei de partir sem suas citações miudas da Diana de minha terra. Uma porta e um grito. SOCORRO! Me salvem de mim mesma...

Instit coeur

Plissê, se esqueçam de comer,
Enquanto seu riso for vadio, o colar
Enrolado, engraçado
Qualquer rire Françês do mar

Caras mais loucas
Caras e bocas
Assim como é
Em teu miúdo café

Plissê, parem de viver
"Seremos siganas até,
Iremos pela america latina a pé "
Diz ela em breve desvanecer

O mátir que a cobre
A esconde em sua exatidadão
Não solidão
Qualquer coisa para não voltar

E talvez em um planalto seja frio
Ou num dia de sol
Seja o rio que refindará
Consolo que brilhará

Plissê, há de calarem todos!
Escutem sua lady, que só
Assim será
Quando terminar voltará ao pó

Será lembrança
Instintos, palídos pedidos,
Perdidos por causa da relva
Selva que te cobre

Companheira,
Disse-me quem és
Que já foi traiçoeira
Shiiiiiiiiii, Silêncio

Sucumbirá em seu vinho e seu pão
Para entender
Toi es três, três... então
O gemer

Plissê, calma!
Sua alma se desmancha
Em seu tempo para perceber
Depois, se vê, não vai se perder...

????

Queria tocar o nada
Entender o tudo
Em alguma parte de mim
Clarear a ata no "in"

Queria entender o coração alterado
Estreito,
Algo assim
Sem saber o fim

Queria entender o luar
A vida e o pão
Passar bem, e enlouquecer
Ser maior que não ter...

Queria entender o grito
Como a agonia
Zunir em um ouvido
E mudar como uma etnia

Queria entender a brisa
O mar lánguido que tenta ver
O tempo fraco que olha
E depois morrer

Queria entender a mão que afaga
A porta que era tua
O chinelo velho
Para não me ver completamente nua

Queria entender a noite
Que vem como serpentes
Entender como deslisa
E nem sentes

Quero entender o fim
Para sempre acabar
Para sempre ser mais que o porquê
Assim, talvez, serei você

Rein...

A dor que me corroe
Desde de quando
La lumier ... ?
Je ne souviens

Formidable!

Elles me dit eton:
"Le nuit passent en un instante"
Comem?

A dor que corroe vem daquelas...
Elles que me dit avec fuer

Avons gris, beu
pourtant... blanches

"Pomme?"

E sua face corrava a cada soluço
A dor que sinto vem de fora

Je ne souviens ...
Je ne veux ...
"La mieux bonheu"

Un Instant...
Pourtant...

M'aimais encore?

Espelho não me Prova que Envelheço (William Shakespeare)

O espelho não me prova que envelheço
Enquanto andares par com a mocidade;
Mas se de rugas vir teu rosto impresso,
Já sei que a Morte a minha vida invade.

Pois toda essa beleza que te veste
Vem de meu coração, que é teu espelho;

O meu vive em teu peito, e o teu me deste:
Por isso como posso ser mais velho?


Portanto, amor, tenhas de ti cuidado
Que eu, não por mim, antes por ti, terei;
Levar teu coração, tão desvelado
Qual ama guarda o doce infante, eu hei.


E nem penses em volta, morto o meu,
Pois para sempre é que me deste o teu.

Conheçam Paulinha (Paulinha Canterini)

sou naturalmente morena, mas meu cabelo está loiro.
não sei arrumar mala.
já usei uma pulseirinha amarela "livestrong".
tenho alergia a abacaxi.
abro a boca quando passo maquiagem nos olhos.
eu não tenho uma cor preferida.
tenho uma tatuagem pequena.
minha família é ótima.
sem querer mando beijo pro porteiro no interfone.
queria ser auto-didata no violão,mas tenho preguiça.
se estou com sono, durmo em qualquer lugar.
fico surda quando estou de óculos escuro.
qdo tomo sol fico rosa choc
prefiro escutar do que falar.
acordo de mau-humor.
sempre estalo os dedos.
não sou rancorosa.
não consigo escrever em linha reta em folha sem pauta.
não consigo ser minimamente agradável com pessoas que não gosto.
choro com a tragédia alheia.
sinto nostalgia de lugares aonde nunca fui e tempos que não vivi.
adoro conversar com pessoas idosas e escutar histórias do passado delas.
divirto-me falando bobagem.
gosto de ler.
adoro ficar de pijama.
queria gostar de café,mas não gosto.
tenho prazer em ajudar.
gosto de pessoas e preciso delas.
falo tudo o que penso.
tenho vergonha de ligar para as pessoas,mas adoro quando me ligam.
tenho preguiça de certas atitudes.
é difícil me irritar,porém melhor não tentar...
adoro fotografia.
tenho pena de matar pernilongos
sou meio bipolar.
sou bem emotiva.
quando gosto de alguém,gosto até me decepcionarem.
sou indecisa,confusa,mas sensível.
descobri que não sou "easy going".
adoro coisas vintage.
pretendo ser fotógrafa.
queria ler mentes.
vicío em músicas de épocas em épocas.
adoro perfumes,e cheiros me lembram pessoas ou lugares.
já tirei foto com um tronco humano.
coisas simples me fazem feliz.
acho engraçado como as pessoas que surgem do nada nos fazem tão bem.
adoro ajudar velhinhos a pegar as coisas que derrubaram.
amava ir dentro do carrinho de supermercado quando eu era menor.
já ajudei a minha amiga a contar quantos filmes ela viu na vida.
tenho preguiça de colocar o celular para carregar.
adoro cinema.
tenho medo do futuro,e tenho saudade do passado.
ok,o presente também está bom.

....eu sou isso e mais um pouco....
..sou um pouco de tudo isso e mais..
..sou um pouco mais,mais tudo isso..

* Estava distraída bisbilhotando o orkut dos outros
(um hábito que à muito não praticava), e sem querer
me deparei com essa poesia, a qual me identifique...
E achei linda a simplicidade da autora. Pedi permissão
(Claro!), estou postando para vocês contemplarem.
Não conheço Paulinha, mas só por saber que ela não gosta de café,
pinta o cabelo, é minha conterrânea, adora fotografia, acorda de mau-humor e muito mais
coisas tão parecidas comigo... Me apaixonei! (com todo respeito)
Agradecimentos a ela, que permitiu a postagem!

Blá, blá e blá ...

Estou cansada de querer saber quem sou. Vou deixar para lá. Esquecer.
Família, pai, amigo, irmão... Todos esperando coisas de você.
Ainda bem que de mim não dizem. Ou estou puramente enganada:
com certa certeza devem cochichar trivialidades ao meu respeito. Mas quer saber? ....
É, talvez você não queira saber.
E nem eu.
Deixei de querer saber, de me interessar pelo que está na minha frente. Talvez meu objetivo agora seja o nada. Ou o que está entre o nada e o concreto. Nem quero mais querer estar ou fazer algum tipo de diferença. Por que é muito complicado lhe dar consigo mesmo e com todos os outros. Depois estamos envoltos em tão densa poeira... e .... e....
Talvez me desespere desta forma por não me encontrar aqui.
Procurar mais fundo, tentar entender... Pra que? Acho que estou meio perdida. Tudo bem. Será que vale a pena?
De vez em quando durmo sem querer acordar.
E outras vezes acordo sem querer, porque algo arde e regurgita dentro de mim. Dizendo: Você não é você! Quem sou?
Não falem. Calem. Por um segundo quero silêncio para sucumbir a todas as inclinações forçadas.
So far, so good...
Corra antes que amanheça, e não conte a ninguém o que ouviu. Pode ser fatal.

Quanta besteira, nego tudo que disse! O mundo não roda em torno do sol!

Sem muitas palavras...

Podia ser quebrado

Cai no vazio do lado errado

Não há nada que eu possa fazer....

I love you, but I don’t say...

I say “going”, you say: “Hum…”

I am inadequate

You have flavor fantastic.

I am dead

You grow

I’m go

You stand up

I give all your

You give my kiss

So, I understand what you say

I don’t leaving!

I hold to your hands

I believe now to works sincere

You give my kiss...



Nossa de vez em quando percebo quando besteira escrevo... Desconsiderar....

:s

História para a escola ....

I –

O telefone tocou. Ela correu para atender e sentou no sofá. Eu observava tudo de baixo da mesa enquanto brincado com alguns dados de plástico. Seu olhar era de quem não entendia nada e sua voz começou a embargar. Colocou a mão na boca, em um ato de susto ou estupor. Disse algo como “Não!” ou “Ah meu deus...”. Começou a chorar, o que ouvira deveria ser realmente grave. Levantei-me para consolá-la e larguei os dados sozinhos. Não entendia, como poderia? Tinha lá meus sete ou seis anos. Cabelos pretos que caíam nos olhos e doces sonhos de alvorecer. Era quase pura inocência, apesar de ser bem sensível ao que os outros demonstravam sentir.

Na véspera todos ficaram muito abalados, perguntei mil vezes o que acontecia, mas ninguém quis falar. Tentavam me ludibriar mudando de assunto. Estavam na sala de estar com aquelas caras de preocupação, o cenho franzido, braços cruzados... Alguns perguntavam aos outros: O que vamos fazer agora?.

Empurrava um carrinho desviando das pessoas em pé. Olhavam-me como se eu fosse um coitado, um mendigo ou alguém morrendo de fome. E pensavam em segredo “Pobre menino!”.

Ela continuava a chorar, corri e a abracei com força, como quem quer estancar uma ferida. Já era tarde e não sabia porque ninguém tinha me mandado subir e dormir, por isso estava feliz e não entendia porque ela chorava. Perguntei:

­_ Você se machucou?

Sem poder falar balançou a cabeça e limpou a face, parecia que tinha vergonha das próprias lágrimas. Abaixou o rosto e fechou os olhos me apertando forte contra os seios, como quando me ninava. Acho este o momento mais terno da minha vida, mesmo que não pudesse compreender a dimensão do problema que se apresentava na minha frente.

Fica na minha mente, um quadro na parede: a fotografia dela me fazendo cafuné no sofá enquanto chorava. Tem coisas que os adultos tentam nós proteger que não adianta nada. Acho, que querem que a criança seja um consolo. Só depois que puderam digerir a idéia que tiveram coragem de me contar. E foi ela que me contou. Eu lembro como se tivesse acontecido agora. Entrou no meu quarto com um lenço na cabeça e os olhos tristes. Tinha perguntado mil vezes pela minha mãe e pelo meu pai nos últimos dias, só me esquecia deles quando estava distraído com algo.

_ Galileu, precisamos conversar _ ela disse

_ Sobre o que vó ?

Ela se sentou na beira da cama me olhando com olhos secos. Havia a visto chorando pela casa várias vezes naquela semana. Queria parecer séria, mas nem me deu bronca quando derrubei leite no chão da sala, naquela tarde. Não queria que eu percebesse a sua dor.

_ Sobre a mamãe e o papai.

_ Eles chegaram?

_ Não! _ sua voz tremeu e se calou como quem não consegue falar depois respirou fundo e continuou _ Eles não vão voltar.

_ Não?

_ É assim que as coisas acontecem, meu filho. Lembra daquele peixinho que você tinha?

_ Sim _ comecei a pensar no que poderia ter acontecido era criança, mas sabia o que era a morte, apesar de não entender.

_ Ele morreu, se lembra?

_ Papai e mamãe morreram?

_ Sim...

Ela abriu os braços e me acalentou. Continuei achando que eles iriam chegar em algum momento. Passei horas a fio pensando sobre a morte, sobre como morreria, como eles morreram. Disseram que não passou de um choque que envolveu o carro deles e o de um outro homem, que também não suportou. Ainda foram para o hospital, mas nada aconteceu, talvez aquele não fosse o dia de sorte deles.

Preocupados com todo tipo de problema nos afundamos, sensatos, entre a vida no agora e um plano futuro. E mesmo com a morte tão perto existe um extremo medo do fim. O problema é que o fim está aqui presente. Morremos por segundo, diria até por prestação. Morremos até antes de nascer! Para só no fim apenas parar de funcionar. É como uma velha fabrica, que falhe de pouquinho em pouquinho até a decadência total. Nada é "de uma vez para sempre". Ou melhor, tudo é para sempre. Tudo se renova, como já diziam mesmo antes de eu nascer, há milênios. Todos nós: com a mão na manivela da vida. Mas o que é a vida? Será apenas um sopro ou puro conhecimento? Para mim, naquele instante a vida era algo tão frágil quanto um vidro que caí e quebra. Mais frágil do que eu. A minha referência de fortaleza e bravura, agora tinha morrido. E a morte se tornou forte, um monstro robusto que morava no meu armário e crescia a cada pergunta minha.

Era necessário que eu cortasse alguns laços, apesar das pessoas a quem estava preso estarem mortas. Muito complicado para uma criança de sete anos... A liberdade que não queria existir e uma falta de algo que nem sabia. Estava preso a lembranças que conforme os anos passavam se perdiam mais. Agora são tão remotas que nem consigo recordar. Eu morri com eles, fui enterrado naquele dia em que fiquei com a vizinha para que minha avó fosse ao velório.

O mundo é cruel. “The Word be cruel”. Pedaços pequenos que se juntam para se tornar um todo visível, para tornar o reflexo de todas as coisas possíveis ou impossíveis. Cresci muito recluso, sempre com poucos amigos, isso causou em mim certa insegurança. Não sei fazer boas escolhas. E a morte ainda está no meu quarto, no armário. Por vezes é pequena. Outras, grande e insuportável de controlar, mas na maior parte das vezes me soprar coisa no ouvido. Coisas muito difícil de ouvir e encarar, que não abro á ninguém. Só a você é claro.

II –

A madrugada fria e sua melancolia poética. Pessoas caladas indo trabalhar, vagabundos dormido no chão da rua e o sol clareando tudo... Decidi que não ficaria mais trancado em casa, o problema é que isso já fazia três dias. Não dormi direito e estava sonolento da frente da janela. A chuva caía devagar, e os dias passavam tão rápido que me faziam pensar em tantas coisas que nem sei dizer. Sensações de solidão. Nó na garganta.

Posso ouvir o cansaço de viver, de vez em quando. A corrosão das minhas veias pelo tempo e a esperança de um sonho realizar. Muitas vezes sou um zumbi, impondo minha sobrevivência ao mundo. Outras, sou o ânimo, que abre a porta da rua e saí para os dias lá fora. Não me entendo, e nem sei quem sou...Meu mundo fica onde nem todos podem entrar, pois tem uma ponte bem na entrada. Quem consegue atravessá-la me vê no infinito das minhas perguntas.

Queria lembrar o que pensei naquele instante para levantar de súbito e sair de casa. Saí andando bem devagar para sentir as coisas em volta, principalmente os cheiros. Gosto dos cheiros eles despertam outra parte de nós. Lembro dos cheiros da minha adolescência, são os mais marcantes. Lápis novo, castigo, chocolate, chiclete, paixões, tapete, brinquedo, animais, estilhaços, álcool, corações partidos e devorados.

Dobrei em uma rua que nunca tive curiosidade de conhecer. Andei um pouco, e lá longe pude ver uma praça. A madrugada fria fazia com que as pessoas se enclausurassem como eu, neste feriado deprimente. Andei um monte, a rua era estreita e longa.Veio-me a imagem da minha avó. Não gosto de pensar nela, porque trás a lembrança dos meus pais, embora este quadro esteja muito apagado. Já faz muito tempo... Era muito pequeno...

Na praça tinha alguns mendigos dormindo nos bancos. O parquinho onde as crianças devem estar acostumadas a brincar parecia sombrio, não tinha ninguém. Só a brisa que fazia o balanço ir e vir. Apesar desta solidão inóspita, uma pessoa me chamou atenção: Parecia ter um vinte e poucos, tinha os cabelos desgrenhados, estava molhada, bem vestida e bebia com raiva uma garrafa de uísque importado. Não sei o que me deu, acho que por um instante devo ter deliberado. Fui até ela, e perguntei:

_ Olá, você está bem? Parece com frio.

_ Não é só aparência _ ela respondeu ríspida.

_ De certo, está muito frio. Não quer meu casaco?

_ Quero! _ percebi que estava completamente embriagada_ Se quiser me dar...

Tirei o casaco e coloquei em volta de seus ombros, parecia que o frio cortava a minha pele. Durante toda minha investida, na esperança de sua atenção, ela manteve os olhos fixos em um mesmo ponto, como se estivesse hipnotizada.

_ Você tem... Quer dizer... Onde é sua casa?

_ Não tenho mais.

_ Então onde era sua casa?

_ Não interessa.

_ Oh, interessa sim! Eu me interesso.

_ Você não iria entender mesmo!

_ Claro que iria. _ me sentei no banco ao lado dela

_ Iria? Jura? _ pela primeira vez vi seus olhos, vermelhos com olheiras horríveis. Olhava-me com estupor e desespero.

_ Sim. Juro.

_ Se eu contar promete que não irá me sacrificar? Promete que não vai contar para ninguém?

_ Claro. Pode confiar, sou de palavra.

_ Certo._ colocou a garrafa no chão e se ajeito no banco para me ver melhor_ Eu fugi. Foi isso.

Foi tão simples que nem entendi direito o que ela queria dizer. Sentia perto de mim o hálito fermentado do uísque. Não sabia se ria ou se me comovia com a figura magra na minha frente. Por tão poucas informações perguntei novamente:

_ Fugiu de onde?

_ De casa, ué!

_ Ah... Mas você morava com quem?

_ Com o Carlos. _ ela começou a bocejar e piscar os olhos com freqüência, parecia que não me via direito

_ Quem é Carlos? Ou melhor o que ele é seu?

_ Não me fala dele! Odeio o Carlos

_ Ta bom se acalme não falarei mais do Carlos...

_ Você tem uma cama aí?

_ Aqui não, mas na minha casa tem.

_ Está decidido! Vamos para sua casa.

_ Parece mesmo uma boa idéia. Deixar-te aqui seria maldade.

_ Maldade?

_ Vamos!

Fomos para casa, logo que chegou se jogou na minha cama e dormiu um sono profundo. Senti-me bem com alguém em casa. Não era mais tão só.

III-

Era quase meio dia quando ela acordou. Estava perturbada. Franzia o cenho, como quem está com muita dor de cabeça.

_ Onde estou? Quem é você? _ perguntou

_ Eu sou Galileu, prazer _ estendi a mão para que ela apertasse, mas abaixei pois não se depôs a nenhum gesto recíproco, parecia agora rude e amedrontada _ Não se preocupe, você está na minha casa. Nos conhecemos esta madrugada, quer dizer... Eram umas seis ou sete... Aliás, como é seu nome?

_ Laura. Você costuma recolher pessoas bêbadas no meio da rua?

_ Não, mas você que me pediu...

_ Muito obrigada Galileu. Acho que você deve ser uma pessoa muito generosa... Mas agora tenho que ir.

_ Não! Fique, tem café aí. Coma alguma coisa.

_ Muito obrigada, mas tenho mesmo que ir.

_ Eu insisto._ ela deu um suspiro e por acabou cedendo.

Percebi uma grande mudança de humor. Realmente devia estar muito bêbada. Contei-lhe como a encontrei e como viemos para casa. Não disse quase nada, agora Laura pôs um muro intransponível para mim, estava muito sóbria. Senti-me só novamente, apesar de tê-la na mesa junto comigo.

_ Me conte que é Carlos.

_ Eu te falei dele?

_ Não. Só disse o nome. Ficou muito brava quando perguntei quem era.

_ Carlos é meu ex-marido._ abaixou o olhar _ Saí de casa e deixei um bilhete em cima da cama. Problemas de relacionamento... Tem coisas que não dá para concertar. Roubei as duas garrafas de uísque importado dele e fui. Deixei tudo lá.

_ Por isso foi parar na praça?

_ Eu nem sei como fui parar naquela praça._ deu-me um sorriso de menina traquina_ E você? Já fugiu?

_ Sim, uma vez. Logo depois que meus pais morreram. Mas atravessei a rua do outro quarteirão e voltei. Tive medo.

_ Meus pêsames...

_ Tudo bem.

_ Tinha quantos anos?

_ Uns seis ou sete. Não me lembro...

Ficamos ali, calados. Um olhando para o outro. Laura sentindo minha dor, e eu querendo que não sentisse. Parecia constrangida, acho que não sabia como lhe dar com um assunto como a morte, e os rastros que ela deixa.

Dos meus pais não tenho lembranças que se valha, como já disse, só uma neblina que mistura ternura e amor. Não deixaram nada. Lá pros meus dezessete tive uma crise de fúria e queimei todas as fotos que tinha deles. Nenhuma lembrança material, nenhum bibelô ou jóia. Só a neblina, densa e torturante.


Agora está na lua a sonhar e eu estou no mar

Sonhei, estava na praia e ouvia as pancadas do mar. O mar mais poético e melancólico que pode existir. Sonhei que o sonho era realidade e a bruma me carregava para perto dos barcos, onde era difícil ver ou ouvir qualquer coisa lá da praia. Ficava levitando com os pés a sentir a água do mar. Um momento de puro êxtase, meu corpo sucumbia a um leve sono. Era a ilusão dentro
de outra ilusão. Porém quando percebi a infinitude do mar, mergulhei de súbito. Foi arrancado de mim qualquer senso de gravidade. Profundo mergulho. Aos poucos a água foi tomando conta dos pulmões e a revelia do mundo era o avesso no espelho. Estava na frente de um lindo espelho. "A vida é assim mesmo" diziam em coro, "Ela se foi." Sufocada por falta do ar que me condicionara. Agonia acelerada pela impotência de não estar neste estribilho que não pronuncio. O movimento que será na cor dos modos e dos lábios secos. Sua pele flácida. Sonho que sonhei e me perdoei por não ter que viver. A dor de tê-la morta. "Ela se foi", gritavam ao pé do meu ouvido. Dias de baixo d'agua para sentir sua presença distante nas noites. Olhares que me olham com estranheza. Novamente foi me dado o ar e gravidade. Qual é está cidade? Viajem para que se sufoque os rancores e o ar absorvido no mar. Já era manhã. Acordar em uma ilusão maior. Insensatez grave. Sonhava-me sem te ter. Um breve soluçar. Fraterno como os seus conselhos que se carrega além dos anos do meu egoísmo. Dizia coisas importantes. Agora não diz mais. "ELA SE FOI". A loucura das seções de piano e TV. Pilares como você não se reconstituírem do nada. Corri atrás, mas estava longe. Meu sonho, que sonhei você. Tinha que por o chão n'algum lugar, pus nos pés. Para não poder mais falar da certeza do seu olhar sem horizonte. Pálida, sem vida. Agora se desfaz para que eu e outros se refaçam.

1 - Esta é solidão

Cansado chegou de mais um dia. Chamou por ela na cozinha, na sala, no quarto... Não estava. Franziu a testa, depois de tantas discussões... Pensou no pior, seria fácil para ela. Porém, para ele não. Investigou os armários, as roupas os perfumes. Não poderia ter o largado e deixado tudo aqui. “Deve ter ido á padaria ou coisa parecida”, pensou. Mas viu o papel em cima da cama - letras borradas de choro. E lá estava escrito:

“Desde de quando comecei a pensar na vida como um vicio? Acho que depois de você. A vida é um monte de coisas sobre um outro monte de outras coisas... Ponho as mãos no peito para sentir o pulsar. Mas não sinto nada. Fecho os olhos e penso em jogar paciência. Paciência. Meu sangue negro escorria e caía no chão costurando fundo no sopro dos meus conselhos. A decepção. Rasguei os papeis sobre a mesa e cantei uma cantiga de acalentar enquanto dançava dois pra lá, dois pra cá. Lembra-se? Descompassada, já estava tonta e bêbada. Por isso fui com você. Você tinha cheiro de prazer e toque macio. Tudo se desfez e me vi nos seus passos. A luz entrava pela janela e não estava mais tão inquieta. Sinto... È difícil dizer... Sinto que... Quero morrer! Quero sentir a luz do reflexo da lua em mim. Meu corpo ao seu puro cheiro, como se estivesse acabado de sair de um banho quente. Pente e escova. Seus poemas roubados, seu dinheiro, seus poderes... Pra mim? Nem se tivesse que viver esta solidão para sempre. E sei que vai ser assim, mesmo que eu não queira. Eu sei que quero ir, sei que tenho que ir. Por isso me vou!”

Nos primeiros instantes, teve vontade de matá-la. Não queria morrer? Pois se ela estivesse ali, a mataria. Mas depois de alguns segundos, sentiu culpa. Veio o choro, à vontade de voltar no tempo. Não seria fácil, ele sabia desde do primeiro instante que a viu. Lembrou da imagem dela embriagada de Martini e cólera no bar escuro. E soluçou enquanto morria por dentro, seu mundo estava decompondo-se de pouco em pouco. Sentiu-se pequeno, ineficaz e apenas um monte de poeira cósmica inútil. “Liberdade? Isso é egoísmo!”, berrou e o eco se fez ouvir no vizinho. Cólera, raiva, amor, culpa, enjôo, nojo e um instinto telepático de impotência.

O impossível não existe, por isso o que digo é algo que não tem o outro lado, apenas devorando as imagens familiares da mente dela, para traduzi-las a você. Ela se chamava Solidão. Nome escolhido pela mãe e aceito pelo pai. Tinha olhos de sol, desta forma foi apelidada por “Sol”. Mas seu semblante era a lua, era a sede, o céu escuro de chuva e o medo de nada que acreditava existir. E quando acreditava, era um acreditar descondensado que se derretia na paixão da crença. Defendia com garras e dentes afiados sua vida, mas se de tudo fosse preciso, a morte aceitaria. Morte de suas células e moléculas que bordavam o tempo com lembranças fúteis. Acompanhava os passos reservados dos outros, para não ter que fazer escolhas e depois se arrepender. Morria por não saber viver... Esperava o tempo todo por mais de um desligamento, pela profundidade do sempre. Paradoxo. Lamentava por estar sendo assim. Ela: um adjetivo próprio.

Pode me vê-la como quiser. Podem até se identificar com solidão. Eu deixo. Mas saberiam, que isso é arriscado pois nesta história ela é boa, é ruim e bem no meio: neutra. E as tempestades com que se perde são as mesmas coisas que você chama de ‘besteiras cotidianas’. Além disso as pessoas que passam na rua (de cabeça baixa, ar sério, andar rápido e um cabelo da moda) a desaperta nojo. É realmente desesperante e inevitável. Apesar de tudo Solidão é você em parte, mas sou eu, em tudo que nunca você viu. Define-se muito bem sucintamente como “O colateral das margens de erro”. E nos dias frios e insossos se cobre de culpa para chorar na frente da janela molhada.

Foi parar em uma praça por não ter aonde ir, e escrevia em um pedaço de papel: “Chorei naquela tarde, chorei com força, para poder olhar para frente de noite. Pintar os olhos e sentir frio na rua.”

Não sabia por que ficara ali na insossa solidão que a comia devagar. Na sarjeta de um banco frio com um litro de conhaque importado, que roubou do marido antes de fugir de casa. E para piorar começou a chover. O vento em seus cabelos e vontade de acabar com tudo, ficou ali parada com olhar fixo no nada. Bebeu mais um gole e pensou que amanhã seria terça-feira... Ela estava sendo como lindonéia: matando seu amor de dor.

“Solidão... Solidão... Retoquei o céu de anil mas a redenção não veio”, pensou, “Fazer o que?”

Tão bem ouvido era o som da menina gritando enquanto se debatia contra a raiva escancarada dentro de si. Pequenos olhinhos olhando para o infinito para não sentir a pura infinidade da dor latejante. Doía mais não era só pela pele, doía por dentro, sangrava internamente. Um sangramento que voltaria a jorrar mais tarde, depois de uma emancipação deste mundo para o mundo que ela iria criar. O mundo de descobertas alucinantes e fantasias futuras, que talvez, nunca se realizariam. Aí então choraria por fora, mas não saberia bem o ‘porque’, só uma forte dor latente da ferida que nunca cicatrizou. E nada mudaria... Só a solidão, que pareceria cada vez mais confortável onde encontraria o regato para sua sede que se convertera , agora, em angustia. Desconcertada sairia de manhã em busca de algo. Todos os dias sem poder escolher como ou o quê. Emocionaria-se com os sensacionalistas e morreria com poemas nas mãos.

Lembrou da época que estava ainda na escola. Sorriu e bebeu mais um gole. Podia até sentir o cheiro de lápis novo, do carpete, das crianças gritando, chorando, brincando... Esses cheiros do calor intenso das descobertas trigueiras. Para ela, nada melhor que os cheiros, eles regem uma outra parte de nós. Tudo se confundia: pasta de dente, chá, ano novo e chiclete. Tudo em uma grande mistura de solidão ou em Solidão, como quiser.

"Botas de morte"

"Todos nós trêmulos em nossas botas de mortalidade NASCIDOS PARA MORRER"
Jack Kerouac

Tudo bem, apesar de tudo posso viver! Ou melhor, morrer. Cientistas comprovam (e isso quem diria bem era Manuel), que mesmo antes na nascer estamos morrendo. Mesmo antes de nascer! Preocupados com todo tipo de problema os humanos sensatos andam em uma linha tênue que divide a vida da morte, o sim do não, o paradoxo do real... Mas apesar de tudo existe um extremo medo do fim. ('Oh ... Não me diga!', diria você leitor ao ler estas ultimas palavras). O problema é que o fim está aqui presente. Morremos por segundo, diria até por prestação. Para só no fim apenas parar de funcionar. É como uma velha fabrica, que falhe de pouquinho em pouquinho até a decadência total. E mesmo com as graves doenças que se alastram na humanidade, existe uma ordem para o consumo do corpo até seu fim. Nada é "de um vez para sempre". Ou melhor tudo é para sempre. Tudo se renova, como já diziam mesmo antes de eu nascer, há milênios. Todos nós com: a mão na manivela da vida. Mais o que é a vida? Será apenas um sopro ou puro conhecimento? Enquanto não sabemos só podemos recuar e esperar as próximas jogadas neste inerte 'leva e traz'.

Personagem

Eu disse pra ela ir e pegar correntes pretas no fundo do salão. Senti solidão, o salão era muito grande e eu ficava cada vez menor dentro do palco. O impossível tava tão sóbrio e opaco que estiquei a mão e o segurei. Onde estava? Ela me disse que eu estava tão longe de mim que nem me entendia dentro do castelo de Psiquê. Me preocupei com as correntes do fundo do salão, uma rosa vermelha e um punhado de pensamento, alguns momentos perdidos na minha própria personagem. Dei passos na direção dela, a segurei e deflaguei uma flecha na escuridão, alguém entrou em cena. Não sabia quem era, não estava combinado. E gritava: FOGO! Furiosamente o infinito se definia no sempre, mas só para mim. Me queimava no giro celeste e agora via Eros, ingrato, me matou. Quebrou um por um meus pequenos vidros que estavam nos olhos. A luz refletiu em meu rebento, senti Chico na alma, em algum camarim chorando. E os meus cabelos se transformaram em cinzas toscas como a infinidade. Ela ria do meu desespero e ao mesmo tempo morria comigo. Animal imbecil! Ela não pegou as correntes, falou que estava pesada, e ria, ria ... O malandro que passava se aproveitou para furtar jóias das velhas na platéia. Observei o desempenho daquele esquelético monstrinho que tomava a minha atenção, enquanto a dor de ser levada pelo vento como o corpo dos retirantes era cuel. As mãos sumindo e subindo. Obedeci quando ela disse que eu iria e não seria prática. Ria com o furor da alma quando o malandro tirou a arma do bolso da camisa. Agora silêncio. Pensei em marcha fúnebre e na melancolia de todo esse assunto. Só o barulho do crepitar das cortinas queimando. Todos em silencio! O menino arrumou a visão para atirar, mas antes que eu percebesse o tiro saiu e a vitima ensangüentada de sangue púrpura morreu. Ela ria, ria e ria. Onde andaria?





Si le soleil disparaît

Preciso cortar alguns laços, desses que agente treme só de pensar. O que me falta é coragem. Por isso sinto enjôo, deito, rolo, levanto, esmago, caio e subo, mas não me enquadro. Aquela vontade de sumir ainda não sumiu. E fica escondida o tempo todo na menina, que dorme de baixo do meu travesseiro em uma foto. Queria entrar na toca do coelho e lá mesmo ficar, entre as descobertas e o gato que ri. Como é mesmo o nome dele? Mas não sei se a vontade sumiria... Ou aumentaria? Para qualquer causa o tempo está aí com seus efeitos. Furtivo e contínuo em uma sopa quente. Opa! Ou na solidão da lua, que não vejo daqui de dentro. Mas mesmo assim a vontade não se vai. O que fazer bem tarde? Mentiras, soluços, ' Bag and bye'. Prefiro suspirar, pensar e sentir saudade do que ter coragem. E ainda de vez em quando me sentir cruel comigo mesma e afogar mais ainda. Tão doce quanto o sorriso sem alegria... Mas leve que o pesado mar. Espero que possa se apagar.

Lua Cheia

São apena palavras
E mais uma lágrima
E a cada tear
Do temor
Final feliz tão distante
Morte em cada passo
Um sorriso
Me olha e não explica
Clareando os escuros do dia
Não queria estar aqui
Nem muito menos sentir
Tão longe apenas por precaução
Do lado mais sombrio que se pode ter
No segundo de insensatez
A morte e a fraqueza
Encontrou
E me deixou tão só
Sangra na sala
Remorso
Egoísta
Pobre de mim
Moinho de vento
Vai e volta

Hipocrisia nossa de cada dia

Não faz tempo que venho sentindo verdadeiro nojo do comportamento humano. O mesmo nojo, que não tão obstante, engoliu e marcou todo a geração nos anos 70 e 80. Enquanto deixamos ser representado por literatura vampiresca, tecnocratas, imperialistas e os tão populares “traficantes”. Sem falar de um desinteresse tão grande, que até aqueles que tem capacidade nem se movimentam para fazer a diferença. Ficam na frente da tv assistindo Se Liga Bocão, enquanto engolem com vontade um enorme hambúrguer, ou coisa do tipo. Não sei se é pior aquele que não tem nenhum acesso á informação e age assim, ou aquele que tem pura consciência do que faz e não faz nada para modificar a grande crise que hoje nos devora. Ò hipocrisia nossa de cada dia...

Tenho uma tese muito singela sobre mães que não sabem cozinhar e filhas que cozinham muitíssimo bem. È dedutível que quando não lhe é oferecido algo pronto você vai procurar fazer para si, ou...Quando se têm direitos: se rebelar contra. E assim funciona o revezamento da consciência juvenil. Ter alguma posição ideológica (se é que isso é bom) é coisa de velho, como aconteceu com os jovens na década de 60. Ter algum interesse pelo mundo hoje, é coisa de Nerd (ou CDF, se prefere). E o caminho da humanidade se faz em seus desajustes. Ficamos á espera, com certa esperança, que os filhos destes resolvam fazer sua própria comida. Ou quem sabe questionar a postura do passado deste mundo, pensando em um novo futuro. Ah sim, não se esqueça, se não mudarmos de pressa, este será nosso futuro...

Observação...

Homens ... que perdem saúde para juntar dinheiro ,e depois perdem dinheiro para recuperar a saúde .
E por pensarem ansiosamente no futuro,esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer...
...e morrerem como se nunca tivessem vivido.

Dalai Lama

Trecho de Objeto Semi-identifica (Gilberto Gil)

"- Tudo é número. O amor é o conhecimento do número e nada é infinito. Ou seja: será que ele cabe aqui no espaço beijo da fome? Não. Ele é o que existe, mais o que falta.

- O invasor me contou todos os lances de todos os lugares onde andou. Com um sorriso nos lábios ele disse: "A eternidade é a mulher do homem. Portanto, a eternidade é seu amor".

A cultura, a civilização só me interessam enquanto sirvam de alimento, enquanto sarro, prato suculento, dica, pala, informação.

- A loucura, os óculos, a pasta de dentes, a diferença entre o 3 e o 7. Eu crio.

A morte, o casamento do feitiço com o feiticeiro. A morte é a única liberdade, a única herança deixada pelo Deus desconhecido, o encoberto, o objeto semi-identificado, o desobjeto, o Deus-objeto.

- O número 8 é o infinito, o infinito em pé, o infinito vivo, como a minha consciência agora.

- Cada diferença abolida pelo sangue que escorre das folhas da árvore da morte. Eu sou quem descria o mundo a cada nova descoberta. Ou apenas este espetáculo é mais um capítulo da novela "Deus e o Diabo etc. etc. etc."

- O número 8 dividido é o infinito pela metade. O meu objetivo agora é o meu infinito. Ou seja: a metade do infinito, da qual metade sou eu, e outra metade é o além de mim."

Lua bonita - Zé Martins

Lua Bonita:

Se tu não fosses casada

eu pegava uma escada

lá noi céu no céu pra te beijar,

ese juntasse

teu frio com meu calor

que dirá nosso senhor se tu comigo te casar.



Lua Bonita me faz aborrecimento

ver São Jorge num jumento

pisando teu quilarão.

Pra que casastes com um homem tão sizudo

que come, dorme, faz tudo dentro do seu coração.



Lua Bonita, meu São Jorge é teu senhor

e é por isso que ele vive,

pisando teu esplendor.

Lua Bonita se tu ouvistes meus conselhos…

Vai ouvir pois sou alheio,

quem te fala é o meu amor.



Deixa São Jorge no seu Jubaio amontado

e vem cá para o meu lado

pra gente viver sem dor,

deixa São Jorge no seu Jubaio amontado

e vem cá para o meu lado

pra gente viver sem dor.

Lua bonita

Eu preparava um estrada para a ilusão me ninar
Para ir te buscar
Ò lua
Mesmo sem os conselhos
Dos alheios
Mesmo assim,
Não terá a chance de sentir dor
Por que o amor
Do seu autor
É muito maior
Mesmo que São Jorge prefira o cavalo
Deixa ele e vem cá
Por que meu pecado
É te admirar


Flor da Idade - (Chico Buarque)

A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor

Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família
A armadilha
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor


Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor


Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos que amava Dora
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha

À Sófocles!

Retiraria tudo que já foi escrito para me colocar no lugar de Édipo, e ter motivo para ir sem mais voltar. A liberdade de não querer esperar e os acontecimentos mais fúteis suportar, só para então entregar ao mundo a minha sentença melancólica de perdão eterno. Huuuu, quem seria eu a tomar o lugar do rei, por vezes chamado de sábio e por vezes xingado de desgraçado. E com o sangue dos meus olhos lavaria o chão sujo do castelo para ir embora, para onde minha saudade tece e puxa meu peito, minha alma caída. Quanta bobagem! Surpreenderia-me se fosse diferente, se fosse pra dentro em vez de para fora, aos montes atrás dos pregos dos meus pés. Saudades cortantes como os colchetes de Jocasta e do terrível destino de Perseu...

Meu mundo

Meu mundo
Escondido no antro das minhas entranhas
Amago do meu pensamento
Em cima do mundo esxisistencialista
Em cima de mim mesma
A quem não quer, sei
Nele, me vejo
A que me parecer
Em suas lubridiações
Em seus atos repudiosos
No futuro breve
Ou na marcha funebre
Este mundo é apenas complexo
Pequeno como o universo
Aquele que leva e trás em si
Aquela musica francesa
Nas frestas das sensibilidades economicas
Nos dias das festividades abrangentes
Pedidos suplicantes por atenção
Este mundo ridículo
Brando,
De nunca chegar
De sempre se opôr
O sol no pino do seu ser
O seu no nino de viver
E um caminho em busca de todas as propostas
No mundo onde me escondo
Perdido em fragéis escombros
Caído, sem chão
Poucos ouviam
Longe se tocando
Reviravam as cores
E mais um não
Os pés se achando
Este mundo
De cheiros odiados
Manchas pretas de puro sangue
Saboroso,
Como qualquer conforto
Como o diabo das noites lindas
Dividindo aquele deste
E nunca de sempre
O segundo caminho subjulgado
Seus espinhos


A menina azul

O vestido vermelho rodava no salão. Ela brilhava mais que todos os olhos . Seu pulsar era rápido, grandes nos pequenos medos. Vinha quase sem chão, corria desesperada envergonhada pela castração da família. Chorava por não saber nem bem por que salivava a dor. Despia-se sem nenhuma calma. Olhava para o espelho e doía a alma, nem podia andar. Caiu. Exalava a cor da mais pura exatidão azul. Incapacitou-se e dormiu no sono sub-consciente. Melhor que correr os riscos de deixar ser ouvida, trancou a porta. Carente nos traços dos barracos frouxos. Tenho certa ou pura imagem da menina azul, que constatava com seus tempos perdidos... Pegou o amor e a paixão e comeu como aquele que tem o estômago vazio. Se não era aquele que tinha tudo... Era o nada para encher. Quem a disse mesmo? Mas quem a dizia que sabia? Colocaria a frente dos seus pscicodélicos sonhos amadores. Não pouco tempo de apetecer e agora seu corpo estava no palco. Senso mudo do mundo. Contradição na paciência, queria tudo. Conflitos querendo aparecer, sangue sobre o teto, morte do bem no "the end"... Comeu com sal e sol a água gélidas do perdão passadas por sua veia morta. E ainda por fim suspirou em puro facete mentido para si em um argumento tolo. Se deixou cansar pelo medo do escuro onde jazia. Uma música, dos acréscimos do fim. Ela cria a morte! Ela era a morte!

O outro som

Só mais um passo no nada...
Agora mais que o acaso
A tinta escorrida
Solidão pura
Na crueldade das coisas
A cara da alegria
No portão
O choro da menina
A melancolia
Da alusão
Será que tudo se foi
A tristesse de outras palavras
A brisa e o amor a elas
Agonias da dor
Só o sol
O calor
Meu bem,
Seja o que for
...


O medo (Ildásio Tavares)

O impossível não existe.
Existe o medo
que esteriliza o abraço, o beijo.
O medo das mães.
O medo dos soldados.
O medo dos meninos
numa noite de trovoada.
O medo do traficante.
O medo o mergulho.
O medo da bala perdida.
O medo do cachorro.
O medo de tudo que nunca provamos.
Não existe o impossível.
Existe o medo que esteriliza a vida;
Que faz da vida um vegetal
só há verdade , só há luz
perante a possibilidade do impossível

Este foi escrito especialmente para mim.
Depois de uma resposta com medo á uma pergunta forte...

Imagino... ( Gabriela Carvalho / Hanna Rahal)

Pessoas imperfeitas
Androídes
Etes
Naves espaciais

Atacando a Terra
Podia ser até uma guerra
Assim correr
Mas não entender

Tudo que acabou de acontecer
E para ser feliz
Era preciso
Mas foi por um triz

Se explodindo o mundo
Sem sentido
Era uma face
Se esvaindo

E o pagamento
Do sofrimento
A moral
Do vencimento

Vamos até
Salgando sangue frio
Estava só
À margem do rio

Paixão (Hanna Rahal)

Viver um mundo sem sentido,
sonhar um sonho impossível,
sentir como se estivesse morrendo,
ter medo de magoar,
ou ate mesmo não ...
saber,
só apenas flutuar na imensidão do amor,
flutuar no calor do beijo sentir mais do que um desejo
sentir uma coisa estranha
que você se assanha,
mas quando se reflete,
para pra pensar e descobri
tudo aquilo que sentiu foi apenas a paixão
despertando na imensidão!

Nem sei direito o que reflete tanto em mim. Mas me encantei com este texto.
Talvez represente um pouco das minhas angustias... ( Gabriela Carvalho)

Bow ( Gabriela Carvalho/Hanna Rahal)

Exalar
O mais profundo cheiro
Inspirar
As mais intensas emoções
Transportar
A organização do caos
Comportar tudo que me for dito
Não é nada mais
Ela queria saber
Resposta é a menor das preocupações
Gosto desta solidão
Fazer intimo no ser
Fugir e não querer

Dont is cruel

Your boddy...

E a clareza dos olhos
Mais profundos
Dos mundos mais intensos
Só mais um poeta
Mas ele morreu há tempos
Sozinhos em seus
Movimentos

Look it is beautiful

The word is cruel...


O salão vazio
E o nada
No meio de mim
Talvez só mais aquele que me segue
O cansaço de estar só
A morte
Só mais um estágio
Cabelos caídos ao chão
Branco da pomada
As pessoas que entram no ônibus
As histórias que carregam
Olhos que não vêm
Mergulho profundo
Banca de jornal
Este mundo é mal

Your face

The word ugly...



Minha dor (Victor Baltaraz)

Quem sou eu??
Sabe que as vezes nem eu sei...
Talvez o problema seja somente,
Eu sempre esconder
Oque penso oque sinto,
Principalmente o que sinto por você,
A pessoal que eu tenho esse sentimento,
Que para mim é especial
Talvez ela esteja lendo esse texto
Gostaria que soubesse que,
Tento te esquecer mais...
É difissilimo....
Então mesmo que nem ligue...
Te amo!
E quando te ver frente-a-frente
Novamente talvez eu fique muito,
Envergonhado...
E talvez eu nem fale com você mas quero que saiba que te amar,
É bom...
Mas só de ter sua presença e ver,
Seu sorriso a maioria dos dias ja,
Me alivia um pouco da dor...


Tá, não foi para mim caros leitores... Mas é lindo ! A confusão dos passos incessantes das descobertas juvenis.
Talvez traduza algumas das minhas inquietações...