Ao léu dos dias do tempo...

o sol clareou o dia
o dia clareou a noite
da cidade que não para
podia-se ouvir o burburinho
o chão parecia filtrar-me
a dia rodava rápido
até a lua escurecer o sol
sabiamente olhava a janela
o leite!
a vida
que passava lá em baixo
banalizada pelas pessoas que já
agora sabiam viver
a lua parecia clarear o bar
mas a luz que brilha fortemente
machucava minhas vistas
a brisa deixava tudo tão gostoso...
com um tom de frio
enquanto sentia meu corpo quente
no suor que escorria
pelo cotovelo até o parapeito
e a noite passou
com o sol ao amanhecer
em espalhados cantos da cidade
podia-se ouvir a movimentação
a acção humana
o desgasto misturado ao descaso
e os passos alguns rápidos
apressados
outros lentos
despreocupados
o ensurdecer da chuva caindo no telhado
e a precisão do dia que se ia
tendo agora a lua para escurecer o sol
e clarear a noite