Meu lindo mundo colorido


Eu nasci as 5 e 40 da manhã e realmente não consigo entender o meu horror por madrugadas, seja passando acordada por elas ou simplesmente tendo que acordar nelas.
O Hospital Maternidade Santa Marina sempre foi muito reconhecido e não acho que, por algum motivo, poderia ser trocada na maternidade, embora sonhasse com isso minha infância quase inteira.
Fui uma criança muito estranha, afastava as outras meninas e meninos e acabava tendo amigos mais velhos ou com folhas e capas, desse último tipo tinha preferencia por aqueles que cheiravam suavemente a mofo (acreditava no valor dos velhos livros, apesar de não entender direito as histórias).
Aí encontrei um mundo encantado, onde tinha milhares de possíveis amigos: com capas antigas e cheiros dos mais variados espécimes de fungos. Nesse mundo podia ficar o dia todo, enquanto minha mãe executava outras atividades... O problema é que fechava ás 18 horas. Ah! quem quiser conhecer fica na rua General Jardim, centro de São Paulo e tem uma praça muito bonita, mas como toda propriedade publica de São Paulo que se prese está meio largado, meio jogado, assim: meio esquecida... um mundo todo desperdiçado... Como uma infância que se perde na memória, porque este meu mundo cheio de amigos encadernados tem uma memória, uma grande sala cheia de passado, de presente e de futuro.
Mas naquela época meu mundo era perfeito, porque lá nunca ficava sem fazer nada.
Foi lá que conheci muitas pessoas, cheias de explicações, pensamentos, poesia, força, sonhos, conselhos e amor. Quero falar de quatro que foram, de todas as formas, extremamente decisivas para a minha história. Primeiro falarei de dois irmãos, eles eram um tanto macrabos, cheios de suspense, mas sempre me ensinavam muitas coisas e faziam o tempo passar muito rápido. Ficavam dentro de uma coleção enorme de livros com capa verde-musgo, chamam-se Irmãos Grins.
As outras duas pessoas, que quero falar, eram quase como irmãs, viviam juntas, uma ajudando a outra, pensando e executando tudo quanto era tarefa que faziam meu mundo se duplicar, ampliar, expandir. Quando dei por mim estava rodeada de amigos com i,pressos ou não, dentro de um mundo lindo e enorme, iluminado pelo conhecimento. Porque essa coisa de aprender é que nem o amanhecer, pode estar escuro como for que a luz na mão do guia se multiplica aos poucos quando você se debruça para observá-la. E tudo isso muda toda realidade em que vivemos, as coisas passam a ter mais poesia e o mundo mais relevância dentro do infinito universo.
E essas duas mulheres com sonhos e coragem de leão construíram uma casa colorida. Cheia de veiais arteriais que pulsam todas formas de expressão. Desenvolvem lá um mundo com cores lindas e fortes que marcam a todos que por lá passam. Elas, mulheres, fortes, vivas,
modificadoras de realidades, expansoras de universos, guias com lanternas que sempre estão acesas, esperando aqueles que se debrucem para sorver de toda sua luz.
E antes que tudo se desabe eu continuo vivendo, mantendo minha luz acesa. Longe, mas bem perto do Jabaquara e do centro de São Paulo. E toda vez que me lembro é com ver uma fotografia do meu mundo infantil que nunca esquecerei.


Para Vera, Valéria e o Espaço Arterial.


A.Ramos : essa arte


Essa arte,

que me faz pensar, tira qualquer ideia e me coloca a par de tudo,

de todo o mundo.

Sua arte,

cheia de fantasia, poesia e mitologia.

Representações do real você.

Quero entender,

mas a arte ultrapassa oque o artista diz.

E invade o campo cosmológico do mundo, do todo, de cada segundo.

Mergulho dentro do desenho,

viajo na centelha do amor entre um peixe e um pássaro,

cheios de cor.

Ah e nem sinto seus olhos a me observar pela câmera

Só pulo pelo arco-íris e acho a árvore da vida, cheia de maçãs d’ouro.

Será que isso faz sentido? Será que quer dizer com isso?

E quem se importa com o sentido?!

Se o sentimento que a sua arte exala é mais forte!

E vai se transformando em papel e cor, meu mago cheio sem palavras.

Te protege que eu estou sempre esperando por ti.

Ao me ler,

saiba que a garota do blog quer te ver voar muito além do arco-íris,

prá lá da ilha das ninfas e do titan ,

onde a vista acaba e a faísca do amor já se tornou vulcão.

Em você

Perco-me em suas palavras

Seu verbo que cabe a todos

Em suas horas risonhas

Em sua forma, força e fogos



Perco-me em seus sois

Em seus olhares entre nós dois

Seus quisares

Em seus plenos linhares


Perco-me em suas verdades

Por que já nem sei se posso ser verdadeira

Sem ao menos te ver

Perco-me sem sentir se posso fugir


Perco-me em sua poesia

Nas suas cores

E estes tantos encantos

Que tento tocar


Perco-me em tudo que pode anunciar sua presença

Perco-me em tudo que pode me deixar em sua ausência

Perco-me em você

E de baixo desse blues te guardo

Perdida dentro de mim


Para Beth



Último tango bêbado em paris

Vamos nós depararmos em um apartamento

Belo encontro pelas ruas de Paris

E sem sabermos quem somos

Dançaremos uma dança destrambelhada

Cheia de desabafo e poesia erótica

Tudo isso depois do primeiro olhar

Mas não existiremos fora de apartamento de ninguém

Nem fora de nossos sonhos

Seremos fortes e gratos a cada encontro

E por mais que me despedace serei tua de corpo e desejos

Por mais que sejas dela ainda: morta pálida, corpo frio.

A poltrona ficará na frente da janela

E as persianas ficaram abertas de dia

Pois a vista da vida daqui de cima é linda

Os nossos nomes não ditos

E Todas minhas lágrimas com manteiga pelo chão

Depois de muito, me dirá quem és

E eu vou me arrepender de saber

Correrei para cair em seus braços

Sentirei seu bafo bêbado

E dançarei um ultimo tango, cheio de álcool em Paris...

Cavaleiro Andaluz (Bruna Caran)

Amanheceu
Um elo entre as civilizações
Um novo Aquiles rompe os grilhões
E a cidade vai conquistar
Não lembra bem
De como aprendeu a lutar
Há tanta gente no calcanhar
Um semi-deus em cada portão

Escapar
A Liberdade dá no Japão
Acrópole é outra visão
Que a Vila Olímpia não alcançou
Decifrar
Há tanta esfinge aqui de cristal
Quanto edifício nesse quintal
Que a erva-cidreira já perfumou

Como emboscar
Dianas nesses bosques que há
Os olhos de Afrodite espiar
Nas fontes desse Parque da Luz
Você zarpou
Na costa da Ligúria bateu
Cruza a Paulista e o solo europeu
Virou meu cavaleiro Andaluz

Se embrenhou
Nesses traçados do coração
Ruelas da avenida São João
Escadarão do Municipal
Surpreendeu
Quem nunca sai da Consolação
Que ao menos na imaginação Um novo mundo existe afinal

Me leva Cavaleiro Andaluz...
A paz sempre há de estar com você...


Em homenagem a minha Acrópole, banhada pelo igarapé Tietê languido.

Saudades das escadarias do municipal e da Consolação

De onde nunca parti em vão...

Que o meu cavaleiro me encontre pela paulista também

Ou pela esquina na Ipiranga com a avenida São João

E me proteja ao descer a Augusta

Durma comigo aqui, longe da minha gente

Junto com essas correntes cheias de saudade

Enchendo-me de melancolia urgente

Queria ser...

Queria ser

Bailarina
Atriz
Cantora
Musicista
Dançarina
Poeta

E saltar no meio do palco
Em um sumo salto bem alto
Voar para longe

Paris
Bolívia
Buenos Aires
Barcelona
São Petersburgo
Madri
Butão

Ser esbelta, intelectual, sensual
Batom vermelho e belas palavras mornas
Sombras concretas e sonhos feitos
Amores cheios de gloria
Olhos cheiros de lágrimas
Para derramar a felicidade a despeito
Colonias dos mais belos cheiros
Toques e desesperos

Acordar viva ao dormir em meus receios
Tudo a me abraçar:
Seios e pernas,
Braços e e força,

Ser underground
E não precisar de nada

Ser livre,
de mim
e dos muitos outros...