De que nada servirá

Depois de mais de dez minutos esperando a telefonista me atender alguém atende e desliga.
Ahhhh que raiva.
Ligo de novo. Espero que alguém menos eletrônico me escute. Entenda-me, compreenda meus problemas e conflitos. Choro ao perceber que sou apenas mais uma insignificante pessoa no meio de tantas outras. Esperando e que também estão aflitas, como eu. Para eles, somos a velha retórica: números. Apreensiva, mordo a borracha de um lápis enquanto escuto a música chata pela milésima vez. "Tan , Tananã, Tan, Tan..." e repete e repete. Não sei mais o que faço, agora estou com tanta raiva que sou capaz de xingar a mãe da atendente. Calma!A música para. Um segundo de silêncio...
E a voz eletrônica diz: "Seu tempo de espera é de 15 minutos". A música volta. A raiva aumenta, disseram que havia uma lei onde o tempo máximo de espera é de 10 minutos. Agora me sinto lograda, apenas uma maquina de movimentação que aguenta como pode o capitalismo. Oh, o mau dos males : O Capitalismo.
Seguro forte o telefone, com vontade de arremessa-lo na parede. Percebo que o lápis já está todo mordido. RAIVA.

Sem paciência, desligo o telefone, pensando me vingar deles. Alivio. Me vingar da voz eletrônica, negar-lhes meus lamentos e aflições a todos aqueles seres imundos. O que de nada servirá, claro.