O velho da montanha

Existe tanta gente que tem medo do tempo, que tem medo que ele passe sem que percebam, pensa até que ele é um grande monstro. Coitado... Acaba sendo mal compreendido! Só quer ensinar a todos as coisas que acumulou com sua experiência. Ele é assim: um velho sábio vestido de branco, sentado em cima de uma montanha meditando e guardando um rio que passa por ali. As pessoas que conseguem dialogar com ele, e pelo menos um pouquinho entende-lo, podem beber da água do rio que o Tempo protege. Essa água traz uma sensação de plenitude que só entendemos com a experiência.

Mas que fique bem claro, subir a montanha não é tarefa fácil, porém descer... Bom, para baixo todo santo ajuda, né?! Ou se não tiver santo, temos a física e o Px, como queira.

Quero destacar que o melhor não é descer, o melhor é subir e colher tudo que puder nessa caminhada. Na encosta da montanha existem tantas pessoas, coisas, cores, flores, dias, noites, caminhos e confirmações incríveis que nem se pode imaginar. Teve gente que subiu pela montanha várias vezes na vida e me contaram que a água muda se sabor a cada gole.

Você pode até me perguntar o porquê de nos preocuparmos com o tempo, se somos tão jovens. “Ora!” responderia, “ quando quer começar a subir a montanha?”. Ou melhor: “Quando quer pensar no tempo?”, “Onde estará daqui a dez anos?”, “Quais são seus sonhos futuros?”... Isso tudo parece muito com aquelas conversas de gente velha. Mas já disse que o Tempo é muito velho. Quando eu fui lá ele olhou para mim profundamente e perguntou: “Você consegue viver no agora, neste instante, já?”. Confesso que não consegui responder... E depois de muito conversar ele me deixou beber da água, bem pouquinho, disse que tinha muito a aprender. Ao beber senti gosto de passado e no finalzinho, mas bem forte, gosto de futuro, foi quando entendi a pergunta.