Hino maternal

Debruçada eternamente sobre seus planos
Aos sons, ao mar de um céu profano
Florais, ó dela, floram pungentes
Iluminada pela sabedoria mais clemente

Do que sua força mais singela
Teu risos cheios de cores
Sua vida, tanto bela
Sua vida, tantos amores

Ó minha amada
Mãe idolatrada
Salve! Salve!

Bela de amor, eterno símbolo
O lábaro de sua dignidade ostentas,
E segura forte esta flâmula,
Paz, por ti, o mundo inventa

Mas se sempre foi por mim
Verás que eu, filha tua, não fujo a luta
Nem temo a ti, pois te adoro

Mãe adorada
Entre outras mil
És tu, minha
Ó madre amada






À minha mãe
( Da filha deste solo fértil)




Nothing - (Pagu/Patricia Rehder Galvão)

Nada nada nada
Nada mais do que nada
Porque vocês querem que exista apenas o nada
Pois existe o só nada
Um pára-brisa partido uma perna quebrada
O nada
Fisionomias massacradas
Tipóias em meus amigos
Portas arrombadas
Abertas para o nada
Um choro de criança
Uma lágrima de mulher à-toa
Que quer dizer nada
Um quarto meio escuro
Com um abajur quebrado
Meninas que dançavam
Que conversavam
Nada
Um copo de conhaque
Um teatro
Um precipício
Talvez o precipício queira dizer nada
Uma carteirinha de travel’s check
Uma partida for two nada
Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
Um papagaio falava coisas tão engraçadas
Pastorinhas entraram em meu caminho
Num samba morenamente cadenciado
Abri o meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada.