Quando vi

Não escutei o fenesi
dos seu passos opacos
Só vi seus olhos no dervixe
Que era aquela noite

Amuleto sem amor
Simples sinestesia complexa
Um nó cheio de engôdo
Que não desata

Fica assim, suspenso
Meio sem sentido
Manso ...
Tudo bem?





Figuras da minha linguagem

No fundo de um salão

As nuvens escondidas

Vagando, vadias, velhas

Em uma vala

Alegres, aleijadas

Amarguradas

Assim, durante

Eu sendo na noite

Rebuscada

Sem teto ou tato


"Tique-taque

Tique-toque"


No fundo de um salão

Fétido, seco, molhado

Macio, abafado, ventilado

Eu, observando o universo

Observando-me

Cheio de ratos


No fundo de um salão

E engolia o pé da mesa

E lia os olhos dos livros

E via o som do mar


Em mim, no fundo de um salão

Sub serei em baixo dos céus

Nascendo há tantos e tantos...


Aqui sou rei
Sou príncipe

Sou duque

Plebeu, não sou eu

Cotidiano

Duas semanas
Colarinho apertado
Pressão atmosférica
Cardíaca

Claustrofobia
Antropofagia

Rápido, rápido
Circuito fechado
Curto
Acelerado

Pluviometria
Precipitação

Passagem
Fast-food
Engrenagem
Transito

Come, não
Engole
Corre, corre
Vamos! Morre!