Espelho não me Prova que Envelheço (William Shakespeare)

O espelho não me prova que envelheço
Enquanto andares par com a mocidade;
Mas se de rugas vir teu rosto impresso,
Já sei que a Morte a minha vida invade.

Pois toda essa beleza que te veste
Vem de meu coração, que é teu espelho;

O meu vive em teu peito, e o teu me deste:
Por isso como posso ser mais velho?


Portanto, amor, tenhas de ti cuidado
Que eu, não por mim, antes por ti, terei;
Levar teu coração, tão desvelado
Qual ama guarda o doce infante, eu hei.


E nem penses em volta, morto o meu,
Pois para sempre é que me deste o teu.