Será verdade?

Cadê aquela força imensa que o homem para fazer suas mutações na hora de reverter o já feito? Por que não conseguimos encarar de frente a verdade... Nós encobrindo sempre por um mentira bem contada para nós mesmo. Talvez tudo seja um mero sonho , ou mesmo um pensamento de uma vida. Olhar pra frente com a verdade no horizonte é muito difícil. Mas cadê a força do humano que move montanhas e ultrapassa barreiras quando tem objectivo ? Estamos sempre á frente de um impasse. "Lá pro sul existe vida mas, mas lá pro norte também... Á onde vou?". Nunca sabemos o caminha certo pra onde ir. E isso se complica ainda mais quando temos que provar. De repente percebemos que tudo era um mentira mas a verdade está ali á frente. Que acontece é que a verdade deste é a mentira daquele, podemos pensar isso para o tempo. E se contarmos uma mentira tão real para nós mesmo que corre o risco que acabar sendo verdade? O que é a verdade mesmo? Percebo que um paradoxo se instala na minha cabeça e assim posso confundir as coisas. Eu sei os riscos... Mas o vicio do pensamento "pode" parecer incessante.

Sentir

Esses dias atrás enquanto o sol caía, passeava na praia com um grande amigo*. Ele ligou uma música no celular e nós continuamos á andar. A música falava sobre um garoto que era extremamente apaixona por uma garota, mas ela teve que ficar longe dele. E na música ele pedia para ela não esqueçer dos momentos bons vividos pelos dois, e que era só ela olhar para o céu e falar que amava ele que tudo terminaria bem. O refrão era assim: "Pensa em mim/Que eu to pensando em você/E me diz/O que eu quero te dizer/Vem pra cá, pra eu ver que juntos estamos/E te falar/Mais uma vez que te amo". Você deve estar se perguntando porque estou fazendo mershandagem de uma música que você nunca deve ter ouvido. Bom, eu senti naquele momento que era muito difícil sustentar um sentimento e comentei com o meu amigo que achava não seria capaz de sentir algo tão extremo que resistiria á solidão e ao tempo. Ele respondeu que quando se gosta mesmo de alguém não preceitos pra terminar este gostar. E me deu um exemplo: "Quando sua mãe e seu pai morrer você vai esquece-los?". Disse que não. Ele tem razão. Íamos em direcção é casa de praia onde estávamos hospedados naquele fim de semana. Nenhum dos dois disseram nada na caminhada. Quando chegamos á porta da casa perguntei á ele se todos aqueles sentimentos que sentimos quando estamos perto de uma pessoa não era só uma desculpa para a processão. Acho que ele mesmo sendo um garoto de quinze anos de idade conseguiu explicar melhor pra mim o que era um sentimento por alguém do que qualquer pessoa feita. Pegou na minha mão, segurou firme e falou:

_ Quando agente sente, apenas sente. Pode ate ser um sentimento de posse mas este sentimento que esta com você naquele momento ou agora...

*Texto dedicado Breno, um grande amigo, que me aconselha em meus delírios filosóficos.

Procurar ( Manoel Filho )

Minha vida anda uma tristeza.
Esqueci o que é feiúra ou beleza.
Não passa na minha estação
Nenhum trem nem indo nem vindo
Assim não tenho alegria na chegada
Muito menos tristeza na partida

O que fazer nesse momento?
Onde não encontro alento?
Talvez abrir-me sonolento
Em um despertar com tormento?
Ou melhor, recolher, meditar,
E de forma introspectiva
Ir para o momento do auto conhecimento.

Por encontro e desencontro
Cansei de ouvir lamentos
Pois a vida tem ranços
Como a ida, avanços.

Vou ao fim do mundo
Vasculhando o meu destino
Posso nada encontrar
Ou encontrar o caminho
Onde a beleza está sempre
Presente e a tristeza nunca
Em forma de lamento.

*Talvez isso rezuma um pouco das minhas inquietações...

Já!

Já pararam pra pensar como somos apegados as lembranças? Guardamos cheiros, filmes, sensações coisas que podem nos marcar pelo resto da vida. Não consigo ver isso como algo ruim, nem como algo completamente bom. Acho que em tudo tem seus dois lados, e assim há um equilíbrio. Só que só conseguimos ver o lado que nos agrada, sem nem dar a oportunidade da dúvida para o outro. Fechar-se assim completamente para o mundo (do que chamo) do outro lado é algo terrível. Ficamos aprisionados em uma espécie de bolha, dizendo sempre com o nariz empinado "Esta é minha opinião e acabou!". Depois percebemos que sempre existem dois lados, e não é um lado bom e outro ruim, lembre-se sempre que estamos aqui para aprender. E tudo é utilizado pelo que chamamos de destino no futuro. Quer um conselho? Aproveite cada segundo no agora, sem tentar planejar ou arar o piso para amanhã pois isso o tempo já está fazendo. Não falo de largar tudo no ar e sair por aí sem vida profissional, ou estudantil, porque isso é importante para a vida na sociedade. Falo de você aguçar seus sentido para o agora, sentir todos os cheiros, ver o sol de manhã e observar sua beleza e sua luz forte, mesmo que seja desagradável. Entrar em um estado de atenção constante para cada coisa em volta e tentar compreende-lá. Não pensem que falo de ficar "ZEN", ou seja, ficar em um transe. Falo de ter uma atenção tão grande afim de ser capaz de entender tudo em volta, e assim se compreender neste meio, sem que isso afete sua capacidade de percepção de tudo. Pode me entender?

Ai sesse (Zé da Luz)

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

Viver?

Ela se sentia muito só naqueles dias. Sua mãe havia lhe deixado e a solidão de São Paulo era estridente aos seus ouvidos. Seu seu pai convalescera á tempos, e mais uma vez a solidão lhe assombrava. Precisava andar um pouco, mas ter de andar era muito para suas finas pernas desnutridas. Era atraente, mas nos últimos tempos estava tão maltratada. Tinha um carro, vida financeira estável. Trabalhava como secretária de uma diretora, em uma empresa pequena. Mas a solidão assolava-lhe as costas na cadeira, em sites de conversação e suas nadegas adormeciam facilmente. Chovia tanto aquela tarde, a cidade estava sombria. Isso já era de se esperar, no inverno da grande São Paulo. Os carros passavam lentos, com o transito parado.
De súbito levantou-se da cadeira, foi até a janela. Adorava aquele cheiro de sujeira que vinha com o entardecer e a umidade. Parou na janela e quieta ficou, e sentia os pingos frios de água cair em si. O vento que sacudia seus cabelos, era tudo frio. Queria dormir, bocejou, olhou pro chão, apoiou o cotovelo direto no parapeito da janela e largou os ombros. Sentia a frieza da cidade, e das suas mãos. Fazia tempo que não sentia isso assim. Sua mente estava cheia e vazia. Sua tristeza lhe invadiu, o pai não fazia tanta falta, saiu de casa já quando ela era pequena. O viu umas duas vezes, uma no seu aniversário de dez anos e outra no seu aniversário de quinze. Quando recebeu a noticia de sua morte não se depois a ir á cidade mais escondida e pequena que ouvira falar. Mas sua mãe quem a criara todo esse tempo, morava no cemitério de lembranças na sua cabeça. E escorreu uma lágrima do rosto dela. Abaixou ainda mais a cabeça, e o vento veio forte de fora. Precisava de companhia, mas não sabia onde buscar. Tinha muitos segredos, mais um que ainda não compartilhara com ninguém era o de com vinte e seis anos nunca ter amanhecido sua aurora. Já havia saído com alguns homens, beijado eles, mas nunca se entregara para nenhum deles. Nem mesmo ela sabia ao certo o porquê, só não queria. Era uma mulher bastante atraente, não era de se jogar fora... Tinha muitas propostas ao seu pé, mas não precisava. Precisava agora de companhia. Rápido antes de sufocar o grito incontido. Desconhecia sua existência em uma sociedade hipócrita, que se condiciona á ser assim e sendo assim ela participava disso, com a crença de que quando morresse o mundo dela morreria. Cada vez a chuva aumentava e a vida passava mais rápido com a correria dos seres lá em baixo, para se esconder da água.Muitos pensavam no terno italiano que vestiam, outros na bolsa de couro importado, alguns no tempo que corria impiedosamente e nos pregões que sustentava aquela armação da população. Que não tinha mais controle e parecia servir ao tempo em uma escala de causas e efeitos. Sublime para ela que observava tudo, e calada não sentia o respirar o suspirar de cada vida lá em baixo.
Virou-se, foi até a cozinha, e foi então que resolvi me mostrar. Entrou no cômodo e seu rosto não escondia a expressão de susto. Eu estava encostado na pia, quieto. Ela colocou a mão na boca e me questionou:

_ Quem é você?

Começou a tremer como se eu fosse alguma assombração ou coisa do tipo. Um soluço de suspiro (seja lá como quiser interpretar) soltou.

_ Calma... Desesperar-se não adianta muita coisa. Não sou ladrão, apenas vim te fazer companhia.

_Como entrou aqui?

Arregalou os olhos, de deu alguns passos para traz.
_Você, me deixou entrar... Aliás como é seu nome mesmo?

_ Não convidei ninguém para cá, principalmente hoje. Pode se retirar.

_Só vou quando você realmente quiser que eu vá.

_ Então vá!

_ Realmente, não está curiosa para me conhecer?

_ Como entrou aqui? Como conseguiu a chave?

_ Já te disse. Você me deixou entrar.

_ Não te conheço.

_ Não seja tão fria, não sou nenhum assassino.

_ Por favor, vá embora.

Neste momento, parecia que tinha baixado a guarda. E levantou a mão apontando pra porta.

_ Quer me conhecer? Posso me apresentar.

_ Quem é você? Como se chama?

_ Me dê um nome.

_ Não tem um nome? Você não existe!

_ Claro que existo não me vê?

_ È um fantasma!

_ Fantasmas não existem... Há quantas perguntas. Não quer se apresentar?

_ Não diz o seu nome, também não digo o meu!

_ Não fique nervosa... Calma. Não precisa aumentar o tom.

Fiquei quieto, esperei que ela falasse a primeira palavra. Pra depois podermos continuar. Passou muito tempo, eu fiquei parado, ela me examinava com muita frieza. Parecia que podia atacar-la quando quisesse. E então um sentimento de curiosidade começou a pairar sobre aquela armadura. E me falou:

_ Me chame de... Pra quer saber meu nome?

_ Não é assim que o ser humano começa a reconhecer emoldurar, criar uma imagem de algo ou alguma coisa? Botando um nome?
_ Não sei... Então não crie “uma imagem de mim”, me chame de você...

_ Mas “Você” foi um nome que vai virar uma imagem para mim, se começar a te chamar assim.

_ Então não me chame!

Deixei-a nervosa.

_ Se assim quiser. Bom, agora você que criar uma imagem de mim?

_ Talvez... Sinto necessidade disso, qual seu nome?

_ Me de um.

_ Não funciona assim. Então não tem nome. Pronto!

Estava com um ar de desdém.

_ Se quiser fique aí. Mas por favor, não mexa em nada!

Ela entrou para a sala, e ligou o radio. Achei que era hora de ir embora, não sei nem se ela se incomodava, mas fui.
Deixei alguns dias se passarem, ela começou a se questionar sobre o que tinha dito, pensou muito, e com o tempo a curiosidade aumentou. Deixei que este sentimento ficasse bem grande para voltar. Sabia que seria mais bem recebido do que antes. A tristeza dela me deixou melancólico dentro de seus pensamentos. Seus joelhos doíam toda a vez que voltava pra casa. Sabia dos limites dos pensamentos dela, eram bem difíceis, seus conceitos, suas memórias, aquelas formas representativas. Eu sabia do limite da linguagem dela. E queria faze - lá perceber o mundo á sua volta. Remover do fundo as questões inúteis, que poucos conseguem responder, e que a verdade acaba se tornando uma forma representativa, tendo cada um a sua.

Os meus dedos podiam sentir o cheiro daquela visagem. Fechava os olhos e pensava no lápis do lado do papel. Quieto, assim permaneci. Toquei o lápis, sentindo o movimento dos relevos, enquanto não sabia direito o que escrever. Levantei-me e nervoso resolvi visita-lá.

Sabia que quando aparece seria melhor do que da ultima vez. Ela saía do banheiro enrolada em uma toalha roxa, com os pés descalços e os cabelos presos.

_ HAAAAAAAAAAAAAAAAAA.

_ Calma!

_ O que faz aqui novamente? Não estava satisfeito com última noite?

_ Não, disse calmo

_ Me explique quem é você.
_ Você vai me explicar.

_ Como?

_ Como você me vê? O que você colocou em sua mente como “eu”?

_ Não sei... Agora saía um pouco, vou me vestir.

_ Eu me viro.

Eu me virei. Senti-a transitar, da porta do quarto para o armário.

_ Porque é tão difícil para você encarar seus pensamentos, como algo simples?

A toalha caiu como um baque na cama. E me virei. Ela estava de costas para mim.

_ Porque tem vergonha?

Ela percebeu a mudança, do local daminha voz. Virou-se e pegou a toalha rapidamente na cama. Cobrindo seu corpo.

_ NÂO SEI! E VOCÊ SAÌA DAQUI!

¬¬¬¬¬¬_ Nunca te faria mal. Eu saio. Se vista, você ainda não quer que eu vá.

Fui até a sala e sentei no sofá, e esperei até que ela saísse do quarto. Sabendo que quando o tédio tomasse conta dela, o que seria difícil, eu iria.

A ouvi vindo. Seus passos cheios de certas razões humanizadas, a sandália fazia um barulho. E perguntei de longe:

_ Pra que a senhora tem essa resistência tão grande de mim?

_ Não é resistência, é só uma certa curiosidade. Imagina se alguém entrasse na sua casa e não dissesse de quem se trata, ela me olhou discriminando meu jeito, pode até ser um assassino ou coisa parecida. Você querendo ou não este espaço é meu.

_ Não.

¬¬_ Não o que?

_ Este espaço não é seu!

_ Claro que é. Eu paguei por esse espaço, o possuo.

_ Você diz como se fosse parte dele.

_ Mas aqui eu não faço parte?

_ Não.
_ Como não?

_ Já se perguntou quem é você?

_ Que bobeira! Filosofia barata....

_ Pode até ser. Mas você no máximo tem a capacidade de responder esta questão com seu nome.

Dei uma pausa, ela parecia quieta de mais, queria que ela me respondesse. Mas nada. Ficamos ali uma olhando pro olho do outro, ela estava com a cabeça cheia. E eu tentava manter uma aparência de estável, mas estava quase saltando da mina boca palavras á mil. Sabia que não podia interferir na linha de pensamento dela. Então esperei até que ela falasse. E quando minha atenção por um instante se desviou dos olhos dela, respondeu:

_ Não sei.

De repente percebi que murchava e lentamente pensava ser tão desprezível quanto um cão abandonado, era melhor do que qualquer outro.

_ E isso que a razão que os seres humanos sapiens, faz com seus escravos. Quando não sabemos, temos impulsos nervosos de descobrir.

_ E como faço pra descobrir?

_ Tem que entender se na sua caminhada até agora, para ver se não si perdeu.

Não falava muito para que ela mesma percebesse meu ponto de partida. Meu certo entendimento.

_ Você sabe o que é a verdade?

_ Ninguém conseguiu responder isso ainda, não vai ser eu que vou conseguir.

_ Existe uma lenda africana que diz que a verdade é um espelho que foi estilhaçado no céu e quando caiu aqui na terra cada um pegou uma parte, assim cada pedaço é uma verdade.

Ela andou até o sofá e sentou-se.

_ Porque está me contando isso?

_ Bom pense um pouco. Tenho que ir.

_ Não precisa ir, eu quero que você me responda. Por favor.

Levantei-me e indo até a cozinha me fui. Ela ficou lá mergulhada em pensamento parecia ir e vir como uma onda no mar, de tão mansa que estava.

Pareceu-me que se arrumava mais nas semanas seguintes. Sua postura mudava, suspirava pela vida ainda que esta estivesse por um fio. Não quis aparece deste dias onde as atenções masculinas lá da empresa que ela trabalhava se voltavam para a nova senhorita. Pensava na época que ela só necessitava de um pouco de atenção e conversa. Companhia era a palavra certa. Eu ainda queria ver-la mais umas vezes, talvez isso fosse a bastante, ela continuaria o percurso das perguntas e respostas sozinhas. Talvez nem tão sozinha, mas sem mim. Parecia crueldade minha, mas de noite antes de dormir á via rezando para que eu aparecesse. Estava sempre perto dela, só que não percebia. Queria mais, a tristeza que agoniava a alma da senhorita, tinha se afastado. Estava mais despreocupado. Ouvia suas conversas no telefone com amigas, coisa rara antes.
Mas foi naquela sexta, quando ela saiu do trabalho e foi direto para um bar com alguns colegas, que passou um pouquinho da dose. Eu fiquei esperando ela na porta. Estava cambaleando e não se agüentava no salto. A chave do carro estava na mão direita, a da casa na outra. Vinha lá do fundo do corredor, e eu ouvia o tilintar das chaves. Quando chegou à porta, logo que me viu não fez questão de demonstrar o seu prazer pela minha presença:

_ Você aqui de novo?

E me olhou apertando os olhos, Como se visse várias imagens, suas voz parecia bem turva e tinha leve odor de levedura de cerveja.

_ È... Boa note.

_ Dá licença! Preciso entrar.

Gritou levantando uma das mãos. Afastei-me, ela procurava o buraco da fechadura, mas parecia difícil. Tentou umas dez vezes. Fiz cara de um adulto peando uma criança no auge de uma molecagem e dizendo assim “Você não tem vergonha?”. E me ofereci:

_ Posse tentar?

_ Não... Não, já to conseguindo. Saí de cima pô!

E com um gesto brusco, em deu uma leve empurrada. Ficou ali tentando, um bom tempo. Depois já cansada, virou-se e escorreu escorada na porta, até sentar no chão. E se pôs á chorar como criança.

_ Eu não consigo nada!

_ Claro que consegue, mas nesse estado não.

_ Que estado?

_ E... _me abaixei e abraçando ela desconversei_ Claro que você é capaz de tudo. Olha, nós seres humanos somos capazes de tudo, não vê o mundo?

_ Não gosto do mundo.

A senhorita soluçava desesperadamente. Sentei-me ao lado dela, e passei meu braço pelo seu ombro.

_ Você só pode gostar ou não gostar algo quando conhece por inteiro. Entende-me?

_ Não sei de nada. Só sei que tudo isso é apenas uma bobagem. O mundo que os seres humanos construíram é horrível.

E seu choro aumentou.

_ O que te aflige tanto. Não pode ser o mundo. Mesmo o mundo que o ser humano inventou tem suas coisas belas, ao olhar de nós.

_ Eu quero minha mãe de volta!

E me abraçou, apoiando o rosto no meu ombro. E senti uma gota de lágrima quente cair na minha blusa.

_ Você tem que começar á superar isso.

A senhorita levantou sua cabeça rapidamente, e colocando seu corpo ereto olhou pra mim frigidamente e falou:

¬_ Nunca contei á você sobre minha mãe...

_ Mas eu sei tudo sobe você, mesmo as coisas mais intimas suas. Acalme-se, vamos entrar, dei-me a chave.

E pegando a chave da mão dela levantei-me e abri a porta. Sua tentativa frustrada de levantar, fez com que ela caísse no chão com uma grande pancada. Esticando a mão falei:

_ Pegue. Venha.

_ Calma...

E começou á rir sem parar. Pensei em como não tinha batido o carro na vinda pra casa.
Com a minha ajuda depois de algumas tentativas opoiou no meu ombro e rapidamente estava de pé. Ainda cambaleando levei ela até o sofá. E falei:

_ Espere aí que vou à cozinha e já venho.

Com uma vozinha bem fraquinha me falou:

_ Ta.

Quando voltei um copo de água e um analgésico na mão, mas senhorita já havia adormecido no sofá. Peguei uma coberta no quarto e trouxe até a sala, a cobri e deixei um recado com as seguintes palavras: “ Tome o analgésico assim que acordar”, e do lado coloquei o copo com água e a cartela de analgésico. Pensei muito em porque estava fazendo companhia á ela. E resolvi que logo que ela se desvencilhasse daquele mundo que ela criou eu iria. Não seria fácil por eu me apegar á ela a cada dia. Mas sabia por que estava ali e uma hora teria que ir, para não mergulhar no mundo dela e depois não conseguir vir á tona.
E assim os dias passaram e o tempo do homem passou. Resolvi voltar e ver como ela estava. Desta vez levei flores e toquei a campainha. Ela abriu a porta:

_ Oi.

_ Oi, trouxe para você com está.

_ Bem melhor do que a última noite. Obrigada.

_ Você não vai me convidar para entrar?

_ Entre!

_ Já pensou em sair? Assim sozinha pra esfriar a cabeça do dia-dia.

_ Não gosto de sair sozinha.

Ela andou até a janela, eu fui atrás. Encostei-me no pára peito.

_ Não sei o que me envolve tanto na tristeza e solidão de São Paulo. Parece-me tão inspirador, principalmente assim de noite quando tudo está escuro.

_ Não tem escuridão nesta cidade, não vê as luzes?

_ Claro que vejo senhorita, mas sei que quando todas essas luzes apagarem o que vai restar é a escuridão.

_ Mas aí será dia. Não?

_ Acho que sim e quando o sol for embora?

_ Haverá mais vida...

_ Isso eu sei, todos já me disseram isso. Mas penso em uma possibilidade de tudo continuar. O homem não pode plantar no deserto? Construir e destruir tudo? Ser e morrer sendo? Nunca pensou nesta possibilidade?

_ Talvez tenha focado teu pensamento longe de uma realidade que me disseram ser. Assim entrando em colapso total as luzes da cidade e o sol.

_ Você já teve devaneios?

_ Como assim?

_Todos já tivemos alguma vez. É quando saímos de um níveo de realidade e entramos em outro. E enquanto á esse transição, ficamos com o pensamento em completo...
Ela interferiu:

_ N-a-d-a. Ou em tudo...

_ Não entendo?

_ Queria ter a sensação de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Fico pensando como seria. Mas agora consigo entender porque não posso fazer isso, simplesmente, pois não conseguiria ver, sentir, ouvir, falar ou cheirar nada. Por estar aqui e lá. Se não consigo controlar meu corpo e meu pensamento quando durmo, fisicamente, e sonho, mentalmente. Tendo somente impulsos nervosos fisicamente, estando sempre em minha mente.

_ Pronto! _Espantei-me_ Você conseguiu, conseguiu...

_ Consegui o que meu caro?

_ Entender alguns de seus conflitos. Pode chamar isso de lógica ou razão, mas não que nomear nunca, pois as palavras trazem cargas que relacionamos e comparamos á outras coisas.

_ E isso é tão surpreendente ou belo assim?

_ Procure a beleza de tudo e só assim conseguirá achar sua essência.

_ A minha? Ou o u a de tudo?

_ As duas. Tente compreender melhor você é só assim que compreendemos tudo, e compreendo tudo nos conseguimos compreender.

_ Preciso ir.

_ Não vá. Está vindo um ótima brisa da janela.

_ Escreva uma carta para mim. E jogue-a pela janela sexta feira de noite neste mesmo horário. Fale-me de você, do que tem pensado.

Ela virou-se e pegando as flores na minha mão, botou-as em cima da mesinha. E eu me fui.

Na outra sexta-feira ela jogou a carta da janela. E esta dizia:

Querido Caro amigo,

Passar algum tempo deitada, refletindo sobre o que devo fazer não prece mais satisfazer meus pensamentos. Vejo-me rodeada de perguntas sobre tempo, espaço, o mundo, o ser - humano, a mente. Coisas que só procuro respostas, que não me satisfazem por muito tempo. O que penso acabo jogado no ar me esquecido, depois de alguns tempos retomo o pensamento, e não sei mais por onde começar. O mundo parece tão cheio de competições, desde muito pequenos somos capazes de competir, para mostrar a nossa razão. Querendo ser que não somos, querendo nós aperfeiçoar, ter o pensamento da linhagem que seguirão outros, tentando se superar a cada instante, para mostrar (não para mim), mas para os outros que eu sou o melhor, tendo a razão. Às vezes penso que isso é uma contradição total, que a sociedade é uma contradição, como separados por grupo, que só se enquadram nesses se possuem algo que caracterize este de participar. Cada pessoa é mais uma opinião, mas algo á dizer, correndo o risco de parecer ridículo, sem a menor perseverança de querer deixar de ser. Porque estou sendo? Esta é uma questão que não podemos parar. Ser é fácil, pois agora somos algo. Mesmo depois da morte do pensamento, contivemos á ser, mesmo que este seja algo que não se pode alcançar a olho nu.

Beijos Senhorita



Depois de alguns tempos, enquanto ela passava pela rua pedi á um garoto das mazelas do submundo, que entregasse á senhorita o seguinte bilhete:



Querida Senhorita,

Viver é para os que são e os que acham que são fortes. Nesse contexto, a aprendizagem está em conceber maus momentos como lições de vida e bons momentos como retratos que se guardam para a eternidade. E lá encontraremos só os que amamos verdadeiramente e que transcendem a vida terrena. Teu caminho é longo, mas será glorioso.Não nós veremos mais. Tenho que ir, você tem a última oportunidade, escreva-me esta sexta...

Abraços Seu Caro Amigo.



Naquela sexta, não fui pegar o bilhete, mas sabia que ali estava confinado o grande segredo daquela alma. E queria que este fosse pego por um senhor que ali passava em uma noite chuvosa, preocupada com seu terno italiano ou com o próximo compromisso. E assim sua vida mudasse e esse jogo de montar, que desencadeia uma espécie de elevações voltando á ela um presente dado por mim. E assim sua vida transformada, em belo quebra-cabeça onde o final só a senhorita conseguiria entender que o importante é a jornada.

Algo realmete mágico...

Parece até piegas, mas... Tem sentimentos que ultrapassam as barreiras que o mundo cria do concreto e abstracto. Hoje eu terminei mas uma etapa de uma grande caminhada. Vejo que á cada ano que passa, me sinto mais ligada á algumas pessoas. Hoje agradeci á todos aqueles que foram meus guiadores nesta caminhada. Aquele simbolismo todo... Mas parece que foi diferente. Senti uma falta de tudo, dos cheiros, das pessoas, dos pensamentos, de tudo... Sabemos como é difícil não fazer posse de alguém e é assim com todas as coisas, em todos os relacionamentos. Somos obrigados á dar nomes as nossas relações ( "Ele é MEU namorado"; "Ela é MINHA amiga"), mas é diferente com objectos porque se agente guardar eles protege-los de tudo e de todos, passamos á ser parte deles e podemos até a acreditar na sua existência, pois enquanto acreditarmos em algo (mesmo que não exista) este algo vai entrar sempre com você. Sabendo assim que no final de mais uma ano lectivo tomei posse de muitas pessoas como de "meus professor" ( Amandinha, Gilminha, Manoel, Lino, Maristela, Vicente, Helena, Adma e todos que me marcaram para o resto da minha caminhada). Apoderei-me de amigos " MEUS amigos" (Vicka, Amanda, Alécia, Luzia, Júh, Luan, Mil, Lucía, Lê Dalla e aqueles inequeciveis dias me que todo davam coragem para continuar a caminhada e nunca esquecer do que realmente importa. Segundo os menino (Magno, Leonel, Bitencortt, Matthew, Roberto...) ZOAR!). Teve gente que me apoderei mesmo. Mas logo percebi que não queria mais se apoderar de mim... Só com o CAOS aprendemos. E assim terminei um ano de recomeço que passou pelos meus olhos como vento. Mais o que mas me marcou foi esta frase:

"Fazemos parte de um todo... " E se faltar alguém, não vai ser mais um todo e se faltar alguém, vamos ser um todo sem uma parte!

Obrigado á todos que me apoiaram quando tropecei, errei o caminho, quando o sol escaldante queimava a minha cabeça, quando precisei de força para continuar, quando sabia onde correr e com quem contar. OBRIGADA pelo lindo ano de muitas vitórias e derrotas. Mas o que importa é a caminhada!

Algo...

Não sei direito o que sinto neste instante. A volta para Jequié depois de uma longa temporada com a bela capital, tem trazido emoções atona... Preciso me expressar rápido antes que esses sentimentos vão embora. Sei que não dá para se nomear algo se sente , expressar com um nome ou comparar com algo. existem momentos, que a razão nem o pensamento pode comandar nosso corpo.
Eram mais ou menos umas dez ou dez e meia. Vim visitar minha avó, que passou algum tempo eternada. Ela parece tão abatida... Sinto um gelo no coração quando penso nela, naquela cama.a vitalidade com que á alguns meses me dava broncas.

Sentei-me do lado dela, depois de muito tentar anima-lá, mais foi então que a vi empurrando algo invisivel, da mão. Sua voz era tremula, não entendia direito o que dizia. Recebia visitas de uma garota pequena chamada Cecília (em Grego cobra de duas cabeças), até parecia risonho quando falam de histórias da tal garota que minha avó dizia estar no chuva. Ela parece tão tristonha, magoada. e falava de algo que estava em cima da barriga dela, um objecto. Pediu que eu tirasse, não entendi o que era, a foz ficava cada vez mais fraca. Gesticulava com a mão, como se conversasse com alguém. Encostei nela, parecia fria. Senti uma onda de melancolia muito grande, os meus pensamentos, conceitos, desistências, objectivos, razões desapareceram. Chorei, mas não foi aquele choro mostrar prós outros a sua melancolia. Foi um choro tímido. Muito tímido... E logo se foi.

Pensamentos...

Passar algum tempo deitada, refletindo sobre o que devo fazer, não prece mais satisfazer meus pensamentos. Me vejo rodeada de perguntas sobre tempo, espaço, o mundo, o ser-humano, a mente. Coisas que só procuro respostas, que não me satisfazem por muito tempo. O que penso acabo jogado no ar me esquecido, depois de alguns tempos retomo o pensamento, e não sei mais por onde começar. O mundo parece tão cheio de competições, desde muito pequenos somos capazes de competir, para mostrar a nossa razão. Querendo ser que não somos, querendo nós aperfeiçoar, ter o pensamento da linhagem que segurá outros, tentando se superar a cada instante, para mostrar (não para mim) mas para os outros que eu sou o melhor, tendo a razão. As vezes penso que isso é uma contradição total, que a sociedade é uma contradição, somo separados por grupo, que só se enquadram nesses se possuem algo que caracterize este de participar. Cada pessoa é mais uma opinião, mas algo á dizer, correndo o risco de parecer ridículo, sem a menor perseverança de querer deixar de ser. Porque estou sendo? Esta é uma questão que não p0demos parar. Ser é facíl, pois agora somos algo. Mesmo depois da morte do pensamento, contivemos á ser, mesmo que este seja algo que não se pode alcançar a olho nu.

Ao léu dos dias do tempo...

o sol clareou o dia
o dia clareou a noite
da cidade que não para
podia-se ouvir o burburinho
o chão parecia filtrar-me
a dia rodava rápido
até a lua escurecer o sol
sabiamente olhava a janela
o leite!
a vida
que passava lá em baixo
banalizada pelas pessoas que já
agora sabiam viver
a lua parecia clarear o bar
mas a luz que brilha fortemente
machucava minhas vistas
a brisa deixava tudo tão gostoso...
com um tom de frio
enquanto sentia meu corpo quente
no suor que escorria
pelo cotovelo até o parapeito
e a noite passou
com o sol ao amanhecer
em espalhados cantos da cidade
podia-se ouvir a movimentação
a acção humana
o desgasto misturado ao descaso
e os passos alguns rápidos
apressados
outros lentos
despreocupados
o ensurdecer da chuva caindo no telhado
e a precisão do dia que se ia
tendo agora a lua para escurecer o sol
e clarear a noite
Saúde Social (MC Mano Velho)

Eu estou aqui olhando você
Drogado e alucinado
Querendo saber
Não sou otário eu quero é viverViver, viver e viver
Vestido de camisinha
To com tesão
Procurando o orgasmo na minha mina
E no saber através do conhecimento

Mas cheiro, lambo as feridas
De uma sociedade
Podre que esconde
As mazelas do submundo
Em que as chances não existem
Marginal
É gordura social
Doença que não acaba em bulimia e anorexia
Mas na bala perdida de um sinal

Preciso de ajuda não de censura
Precisa de amor não de cadeia
Mas não sou cão danado
HIV positivo
Sou um CDF capitalista
Em busca da igualdade
Sobre a justiça
Justiça!
Saúde, educação e simplicidade
Ser brother
Ser irmão
E não um animal
Em estatística policial

NA CARREIRA *(Chico Buarque e Edu Lobo)

Pintar, vestir
Virar uma aguardente
Para a próxima função.
Rezar, cuspir
Surgir repentinamente
Na frente do telão.
Mais um dia,
Mais uma cidade
Pra se apixonar.
Querer casar,
Pedir a mão.
Saltar, sair,
Partir pé ante pé
Antes do povo despertar.
Pular, zunir
Como um furtivo amante
Antes do dia clarear.
Apagar as pistas
De quem um dia
Ali já foi feliz.
Criar raiz
E se arrancar.
Hora de ir embora
Quando o corpo
Quer ficar.
Toda alma de artista
Quer partir.
Arte de deixar
Algum lugar,
Quando não se tem Pra onde ir.
Chegar, sorrir,
Mentir feito um mascate
Quando desce na estação.
Parar, ouvir,
Sentir que tatibitati
Que bate o coração.
Mais um dia,
Mais uma cidade
Para enlouquecer
O bem- querer,
O turbilhão.
Bocas, quantas bocas,
A cidade vai abrir
Pra uma alam de artista
Se entregar.
Palmas pro artista
Confundir.
Pernas pro artista
Tropeçar.
Voar, fugir
Como o rei dos ciganos
Quando junta
Os cobres seus.
Chorar, ganir
Como os mais pobre dos pobre
Dos pobres do pebleus.
Ir deixando a pele
Em cada palco
E não olhar pra trás.
E nem jamais,
Jamais dizer
Adeus

Atriz

_Não! Você precisa pressionar o botão, para que ele vá para frente!

Ela dizia ao espelho, enquanto eu sentado na platéia impressionava-me com sua esplêndida beleza. Seus cabelos cor de sol balançavam esvoaçantes, conforme sua atuação e até parecia flutuar no palco. Eu á mercê daquele conto que já assistira mais de dez vezes, mas não me cansava. Nome nem sei ao certo, mas sua beleza irradiava o palco, tomava conta da cena, podia parar de falar, que estaria tudo certo para os seus ouvintes. As cenas se passaram rápidas como todos os outros espetáculos. Aquela cena final, onde ela entrava com um vestido vermelho e plumas carmim. Aquele ar de superior em seu rosto, composto por uma doçura interminável, eu até já sabia de cor o texto e podia narrar cada passo. Entrava da coxia esquerda, sentava no pequeno banquinho que se posicionava no centro do palco. A fenda da saia do seu vestido deixava á mostra suas belas pernas. Puxava a calda do vestido para que o próximo ator não pisasse, e tragava um cigarro cenográfico. Podia sentir seu perfume, mesmo de longe.

Não esquecerei nunca do dia que á vi pela primeira vez. Passava cabisbaixo pela rua, onde localiza o teatro (não sei hoje, depois de tanto tempo...), e vi um cartaz da peça que apresentava. Decidi entrar, morava sozinho, não tinha ninguém para prestar contas do horário de voltar. Sempre fui assim muito solitário. Paguei o ingresso, a peça iria começar onze e meia, e eram dez e pouco. Muito sistemático resolvi nem ir para casa, e fiquei por lá mesmo em um bar na esquina, que daria para ver o movimento do teatro. Então quando ia dando onze horas parou um taxi na porta do teatro, e ela desceu graciosa em seu andar. Entrou no teatro com um figurino nos braços e deu boa-noite para o porteiro, vi seus lábios balbuciar. Parecia estar com pressa, mas seu rosto não escondia aquele leve sorriso animador. Não hesitei em nas noites seguidas á essa passar no teatro, e comprar o ingresso, já que este ficava no caminho para minha casa. E cada espetáculo que assistia me encantava, mais com a menina que representava uma moça chamada Janete. Saía do teatro dando suspiros e contente.

Ela começou a me intrigar, e a idéia de chegar perto dela era como seu fã era amimadora. Ensaiava o que iria dizer no caminho ao teatro:

_Olá, eu sou... Não! Olá não!..._ parava um pouco refletia _ Oi! É “oi” é uma boa... Que tal... : Oi, eu sou... Não! Não! Não!

Será que ela iria gostar de mim. Poderia puxara papo, aí iria fluir bem natural. Depois concordaria com tudo que ela dissesse e balançaria a cabeça com um ar de intelectual.
Daria até para eu pedir o telefone ou mesmo convida – lá para dançar um dia desses.
Imaginava com seria, puxaria cadeira para ela... Talvez pudéssemos nos casar um dia, ter gêmeos, um cachorro é uma casa com um grande jardim. Mas refletindo, percebi que tinha planos extremamente juvenis. Ela tava tomando conta daminha cabeça.

Então naquela quinta fria, depois de assistir o espetáculo resolvi ir até o palco cumprimenta – lá:

_ Oi... , e outro espectador entrou na minha frente, abaixei a cabeça e quando ia indo em borá eu ouvi aquela voz doce
_Eí você ! Psiu!
Eu olhei para traz

_ Vem cá, meu bem!
Mas não era comigo, certo ódio me invadiu, vontade de fazer ela me perceber!
Saiu um homem de corpo escultural e postura de uma classe social superior á minha bem atrás de mim. E foi até ela, dando um abraço muito forte. E percebi que era hora de eu ir. Cabisbaixo igual aquela noite que passei na frente do teatro, quando a vi pela primeira vez. E pude ainda ouvir um pouca da conversa dela, dele junto comas vozes do atores que se confundiam com o publico.

Ela: _ Você gostou? Nunca veio na foi? Ainda bem que veio desta vez.
Ele: _Cheguei atrasado, mas ao menos cheguei.
Ela: _ Por isso não te vi chegar. Pode entender a peça?
Ele: _ Há claro! Quando cheguei ainda estava no início...

E as vozes foram se confundindo cada vez mais que me aproximava da porta de saída do teatro. Ainda olhei uma última vez para trás, mas já estava muito longe e precisava prosseguir.

***

Abri a porta, a noite parecia mais iluminada do que a anterior, podia até ver a sombra dos velhos e corroídos móveis. Deitei – me na cama, ma parecia dura como pedra. Olha no que a desilusão de um homem nós leva. Virei de lado e passei a noite em claro até amanhecer.

No dia seguinte foi o dia que mais me animei com a organização de meus pensamentos. Não fui ao teatro. Quando cheguei em minha casa de noite, sentei em minha cadeira refleti um pouco sobre como poderia chegar mais perto dela. Mesmo que algo dentro de mim dissesse que não. Em mim tudo aquilo parecia uma urgência. Então tive a idéia de persegui-la até a sua casa. Mas tinha de ser um jeito que ninguém me visse.

Aí olhei o relógio e vi que ainda dava pra pegar ela saindo do teatro, pois a peça já havia começado. Peguei um casaco velho preto empoeirado, dentro do armário, porque a noite estava fria. E saí. Andei rápido, pois o teatro ficava longe da minha casa, e perto do trabalho. Depois de muito andar, cheguei á tempo. Perguntei para o porteiro do teatro se peça já tinha acabado ele respondeu que não. Fui até o bar do outro lado da rua, e me sentei na mesma mesa.

Até que vi uma porta se abrir, e logo depois do publico ela saiu vestida de casaco. Deu boa-noite para o porteiro, e com seus passos largos andou em direção ao boteco que eu estava. Logo que passou por mim, levantei-me e fui atrás dela.

Tentava dar por despercebido, às vezes andava em sua frente. E tentava disfarçar o Maximo. Acho que ela não deve ter me percebido. Teve um ponto da caminhada que entrou por uma viela, foi pegando a chave dentro da bolsa de coro preta e entrou em um prédio azul escuro. Presumi, essa é a casa dela. Tinha um lixeiro na frente (do prédio, pois estava com uniforme azul, e o nome do edifício), que comprimento – na. E tratei de puxar papo com ele para conseguir o número do apartamento dela:

_ Boa- noite..., disse

_Boa!

_Você sabe se tem algum apartamento para alugar aqui?

_Não só pra temporada.

_Você trabalha aqui?

_Faço a coleta dos lixos recicláveis. E levo até um posto.

_Você viu que loira...

_È ela é linda! Mora aqui. Dizem que é atriz.

_É mesmo. È na cobertura?

_ Não, ele riu, é no 402.

_402?!Hum...

Olhei no relógio e criei a desculpa:

_ Bom tenho que ir, minha mulher deve estar me esperando. Mas você não sabe de nenhum apartamento por aqui?

_ O moço aqui é difícil ter apartamento para alugar é muito difícil por está rua ser muito tranqüila.

_ Então ta. Já vou.

E acenando tchau fui me afastando. A conversa com o lixeiro foi animadora. Estava extremamente satisfeito.

No dia seguinte um amigo me convidou para uma festinha com muita cerveja em um bar perto do trabalho. Eu disse que não iria que ia ao teatro, e o convidei, ele aceitou. Assim que acabou o expediente fomos para o teatro, ele estava de carro e assim ainda pode passar e casa e traçar de roupa antes de começar a peça. Vesti o mesmo casaco preto empoeirado.

Assistimos à peça inteira. Logo após o termino do espetáculo, quando nós entramos no carro eu perguntei:
_ Se pode me deixar em outro lugar. Não é a minha casa, mas é aqui perto...

_ Claro! Diga-me onde?

E expliquei para ele onde era a casa dela.
Logo que desci do corro, conferi se a chave de fenda estava no meu no meu bolso.
Peguei e segurei bem firme, subi os degraus que dava pra porta do prédio e sorrateiramente abri o portão. Por dentro o prédio parecia bem escuro. Pensei que como saí logo que a peça acabou ela não estaria lá. Subi sem ninguém me ver todos os andares. E quando já estava sem fôlego cheguei ao quarto andar. Era um apartamento por andar, assim era melhor. Forcei ainda um pouco a porta para abrir. Quando entrei vi um apartamento muito bem arrumado, ela perecia ser muito organizada. Dei alguns passos e fui até seu quarto e de repente ouvi um barulho vindo da sala. Era a porta se abrindo, claro que já estava aberta já tinha “arrombado”. Fiquei sem ação, Era Ela! Quando fui me esconder de baixo da cama deixei cair um abajur rosa e o barulho da lâmpada quebrando, do estilhaço ia chamar a atenção dela. Ouvi passos de salto vagarosos ir até a cozinha, pois podia sentir o cheiro dela se movimentando pelo apartamento. Eu não sabia o que fazer. Cada vez mais ficava desesperado. Abri o armário e me joguei lá dentro. Ouvi seus passos mais e mais perto e o desespero aumentava a cada segundo. O meu coração disparou, minhas mãos ficaram frias. Parecia que eu tinha sido pego pela minha mãe fazendo traquinagem, mas agora era muito mais muito serio.

Ela se aproximou do armário, dava pra ouvir. E abriu, quando me viu deu um berro de medo. Era como se toda minha vida tivesse ligada á dela. Podia-me sentir por inteiro, dominar todos os meus sentidos, e um minuto de compreensão fez-se luz e escuro. Seus olhos me via cair, e meu sangue sujava sua roupa. Disse quando pude tomar o último fôlego: Porque fez isso? Eu Morri.

Ela ainda chorou por cima do meu corpo, me carregou até a sala puxando meu corpo pelo apartamento. Voltou correndo até o quarto e pegou um lenço preto e uns óculos escuros. Não reconhecia em seus olhos onde estava àquela doçura de sempre? Levou-me até a escada de emergência do prédio, que dava para a garagem. Puxando-me pelas pernas, me colocou no porta-malas de um velho carro caro amarelo.

Andamos um pouco, demos umas voltas. Meu corpo sacudia, ela estava aflita, estava muito rápido. Parou em um terreno baldio que dava pra o fundo de um prédio. Largando meu corpo lá, saiu correndo para o caro.

Ao amanhecer os microrganismos já tinha tomado conta do meu corpo. E a minha carne putrefaça exalava um odor terrível. Uma senhora estendia roupa no prédio e me avistou, com um susto muito grande chamou a policia que chegou e me levou. Fui deixado ao leu. Fui chamado de indigente e o meu corpo foi levado á uma universidade, que me abriram, para abrir as novas mentes universitárias.

Ela deve andar por aí sem preocupação. Pois nunca a irresponsabilidade da policia brasileira foi atrás. Não posso falar que esse foi o crime perfeito, porque não existe um crime perfeito. Mas ela me pareceu com isso muito inteligente, largando-me em um terreno quem iria desconfiar que eu fosse que já amou ela, mas profundamente. Amor? Isso parece mais sado masoquismo. Bom, agora que já me fui posso dizer que isso é amor. E vou ama – lá com todo o meu ser, mesmo que só seja uma força que sobreviveu depois de uma morte.

1*

Cada vez que me deparo com uma folha em branco, lembro-me de como deveria iniciar as palavras, para o entendimento geral do meu ponto de vista. Talvez porque as minhas palavras em um papel, onde tudo pode aceitar, não é nada. Encontrava-me em um estado estremo de ir à busca da verdadeira paz, já que um sentimento muito forte me invadia. Precisar ser quem sou, era muito mais do que aceitar ser quem sou e foi então que aquele maravilhoso e vago sentimento pode me compreender em uma só, me levando em lágrimas profundas, e um pouco de nada na cabeça. A paz ficara pra traz, e eu seguia, sabendo que era uma ilusão procurar algo ainda não experimentada. Mas será que se chamava paz?
Cada vez que andava me sentia mais longe, as árvores frondosas, eu nem podia parar para observar. Alguns galhos batiam em meu rosto, e voltavam rasgando minhas costas. Não sabia nem direito porque estava correndo, mas corria com todo força, que em minha vida não experimentara. De repente, o fôlego me faltou e meus músculos da perna me doíam muito, as feridas agora ardiam, e senti algo. Cansaço. Foi então que de um mergulho, caí, com uma dor que cortava meus pensamentos, me desatinando, e o escuro repentino aconteceu.
Chamo isso de fuga!Cansada e nervosa, o ódio podia me ter de inteira que não faria nada, só abriria minha mente para sua entrada. Aí, acordei. Estava no mesmo lugar, deitada, alguns insetos estavam em minhas pernas, e eu muito frágil me ocupara de dormir, até o anoitecer. Devagarzinho levantei, perecia que a terra havia sucumbindo minhas feridas que ardiam de forma terrível. Mas algo me disse que tinha alguém ali, no meio daquelas árvores, foi quando eu o vi. Vinha com suas calças rasgadas, e logo acendera uma lanterna, sua percepção de movimentos era muito rápida, e na sua investigada por entre as árvores não me viu. Ele passou a luz umas duas ou três vezes por mim. Deveria ter lá seus quatorze anos, e de repente o reconheci. Era alguém por quem me apaixonei, era ainda um brotinho, forte, e não me preocupava em ser ou provar pra alguém que era. Quieta, eu era, mas ele não. Foi meu primeiro amor, e de forma arrebatadora, levou muito mais de mim do que pequenos beijos, insignificantes.
Passou a lanterna de novo, e sem querer quebrei um galho. Parecia que o tempo não tinha judiado dele, continuava com em minha mente. Contemplei por um tempo, nunca mais poderia esquecer. E gritou:
_Ta limpo!
Uns cinco garotos saíram de trás das árvores, eu poderia descrever cada um cada detalhe, os conhecia como irmãos, companheiros. Pedro, Victor, De, Erick e Junior. Todos me pareciam tão novos. Quieta dei um passo para me firmar, e mais um barulho fiz, me encolhi toda para não ser percebida. Falaram algo que não compreendi, e saíram, como uma brisa correndo.
Tinha que esperar até o dia seguinte para voltar, devia ter falado que estava ali, talvez eles pudessem me ajudar?Mas já nem os via por entre o matagal, por outro lado, não sei direto por que aquela minha reação. Queria passar despercebida, e parecia que quanto mais me escondia mais me mostrava eu.
Aquele sentimento havia ido á terra, com meu sono. A fome que era um desejável vazio naquele instante não sentia, a sede era pouca, mas parecia que não era de água. Decidi não andar pra canto nenhum ficar ali deitada parada. Sentindo o meu corpo, ser quem era. Agora era aquele momento, eu era aquele momento. A abstinência de uma TV não me incomodava.
E me encolhi contra o fio, e dormi. Dormindo leve sonhei...
Cheguei à sala e estava tudo escuro, de noite havia chovido, podia sentir no ar. Mas não tinha o cheiro do orvalho da manhã. Com um tempo de espera tudo passa, e até aquela voz que ecoava na sala ao lado, se calou. Sentada em um canto, um som de ruído adentrou a sala. E certa melancolia se afastou de mim. Podia ouvir os ruídos das crianças, mas não vê-los. Sentir. Será que era mais do que ver ou provar?
Entreguei-me em um pequeno êxtase de instantes, e a orquestra das gotas de chuva caía sem parar sabre às folhas que escorriam em minha face. Nunca tive, nem nunca terei um despertar tão bom, o frio não era problema, já não o sentia mais. Saí andando sem paradeiro, para ver aonde chegava ver se chegava a algum lugar. Não tinha sensação de estar perdida, pois estava me encontrando. Quisesse talvez estivesse atrás do sentimento paz? Ou era mesmo como uma fuga? Perguntei-me diversas vezes se não era só mais uma crise existencial. Mas em nenhuma conclusão eu chegara. Refleti sobre a minha vida, o meu espaço, o que eu pensava de tudo. Andei bastante, mas o cansaço já não era problema, não o sentia. E de repente vi uma clareira, a tarde já se punha e cada vez mais o medo do escuro não eu não sentia. Corri com força para chegar mais rápido o possível perto da clareira. E vi uma casinha, de madeira, que nem aquelas do João e Maria, mas agora era de madeira. Lá dentro devia morar alguém, pensei, pois queria saber a curiosidade de minha espécie não me deixou. Andei em passos finos e tentei espiar pela janela de vidro sujo, não se via nada. E fui até a porta. Hesitei, abaixei a cabeça, olhei para os meus pés feriados por pedras, mas o engraçado é que não sentia dor. Quando levantei a cabeça de novo vi uma chave na maçaneta de metal da porta, rodei a chave, e encontrei o interior da casa, parecia um pouco velha, empoeirada. A casa estava abandonada.
Logo que entrei me questionei como seria a pessoa que viveu naquela casa. Parecia tudo tão familiar, um sentimento me deu a impressão de que não deveria ter entrado. Mas o que iria fazer? Já estava lá dentro. E deixei que o meu cansaço modificasse os meus pensamentos, deitei no sofá e relaxei. Olhando para o teto não estofado, pensei como era a ligação entre a causa e o efeito. Como eu fui parar ali e a alguns fragmentos do tempo atrás estava em meio á um transito infernal. Queria dormir, mas não sentia sono, só uma grande falta de alguém. Toda via queria ficar ali, mas pensava no passado. Lembrei-me da minha mãe e de seus ensinamentos sobre o fogo, falava que quem brinca com fago faz xixi na cama. Soltei uma risada que encheu a casa com o eco. Quando reparei na parede vi aquela pintura de Da Vinci, onde temos todos os discípulos sentados á mesa fazendo a última ceia. Havia me desgrudado de “Deus” desde a faculdade, que me perguntei muito se ele realmente existira. Procurava agora, paz, aquele sentimento dentro de mim, mas não achava, achava só lembranças esquecidas com o tempo. Na parede da cozinha da minha casa tinha uma replica desta mesma obra. Que ganhava asas cada vez que observa. Uma vez perguntei á minha mãe:
_Eles comiam pão francês, ou pão italiano?
_Pare de conversa boba menina!
Era uma pergunta crucial. Observava tanto que um dia me perguntei se tinha já aquelas feridas nas mãos enquanto comia pensava como seria nojento comer com feridas abertas. Soltei outro riso, gozando da minha ingenuidade. Logo me perdi em pensamentos e adormeci.
Não foi tanto tempo para acordar, acordei no meio da noite, com o abrir da porta. A escuridão era só uma inútil desculpa para aquele medo. O ser humano tem medo do desconhecido, e o medo do desconhecido que abria aquela porta me dominou e se expressou em um grito. Das sombras apareceu um ser pálido com uma arma na mão. Era um senhor de idade media estatura baixa, parecia nativo e me olhava com mais medo de mim do que eu dele. E rápido perguntou:
_ Quem está aí?
Meus lábios secaram e a minha voz faltou. A arma em sua mão tinha poder, e sua voz de cólera me dava mais medo. Dizem que quando nós sentimos amedrontados, devemos ocupar mais espaço, e não tentar se encolher cada vez mais. E foi isso que fiz me estiquei no sofá, e rapidamente me pus de pé. Ele tentava me ver na escuridão, mas parecia que com o brilho da lua só eu podia vê-lo. Quando ia levantando a arma e mirando-a em mim gritei:
_ NÃO! Por favor, sou de bem... Não me faça nada, se essa casa for sua pode deixar que vou ao amanhecer. Mas deixe-me ficar até lá.
Ele abaixou a arma, andou até um candelabro, que tinha em cima da mesa de pernas tortas. Parecia que conhecia cada canto da casa. Pegou como de reflexo, um fósforo no bolso e riscando – ó apareceu luz! Minhas vistas confundiram o homem com o fogo, e de repente o homem estava em chamas como a casa. Eu corri para fora, e em um instante tudo estava queimado. Fiquei ali na frente da pequena casinha encolhida com as pernas contra os meus seios, sentada observando o fogo engolir a casa. Pra mim a calor já não fazia diferença, mas o medo sim. O medo que eu tinha de ficar só. Senti algo andando atrás de mim. Olhei rapidamente, mas não consegui ver o que realmente era. Passou de novo, e de novo. E as arvores começaram a balançar. Senti o meu coração acelerar e a fumaça subiu com o apagar das chamas. Chovia, o desespero me dominou, e corri. Correndo cada vez mais, assustada. Tudo tinha ido tão depressa e agora aqueles sentimentos todos voltaram? Dominar aquilo não era fácil. E senti algo tocar meu ombro, era o senhor, que fora juntos com as chamas contidas pelo fogo. E dizia:
_Saía daqui! Não é o seu lugar!
E banhada em suor acordei. Um suspiro de alivio agora podia dar. Aquele sonho tinha-me confundido completamente. Já era de manhã, e podia-se ouvir os pássaros contarem. Então senti um vazio por dentro... Era fome!Eu precisava pela primeira vez nós últimos dias me alimentar. Procurei como um desesperado atrás de uma droga pela casa por comida, mas nada encontrei. Além de alguns biscoitos amanteigados dentro do armário, e estavam podres. Lembrei-me de minha avó. Ela fazia esses biscoitinhos toda vez que ia lá. Dizia pra mim que nenhuma mentira podia ser verdadeiramente mentira, toda mentira tem um fundo de realidade. Parei por um instante e refleti por eu estava ali, e de repente não sabia mais por que fugira tão longe. Talvez tivesse achado o que procurava muito perto de mim, só não procurei. Estar presa por si própria, sim eu tinha me prendido ali, eu criei tudo aquilo, para poder ter uma desculpa para mim mesma. E caí no chão deixando escorrer pelos dedos o pote de vidro, e som dos estilhaços quebrando ecoaram pela casa. Escorri pela parede como maçarão mole, a minha fraqueza e ao meu pessimismo podiam falar mais alto. O arrependimento era o que mais sentia, e nem sabia direito por que. Pensava em como saí de casa e corri pra lá agora me sentia imunda e perdida.
Meus pensamentos me fizeram sair do eixo, os controla agora eram difíceis às lembranças engraçadas e ingênuas não passava mais de um sonho bom e aquela sala, onde o sol batia o cheiro das árvores molhadas de orvalho, o canto dos pássaros, a paz não estava mais aqui. E porque mesmo estava ali?
Não sabia o verdadeiro por que. Minhas pernas havia me perdido, e meu coração de repente não era mais o mesmo. Decidi levantar, mais a fraqueza era muita, deixei que os sentimentos me invadissem e aquilo tudo de porque joguei fora em poucas lágrimas, que rolavam vagarosas. Pensei: “O Tempo parou”. E tinha parado mesmo.
Ouvi um ruído lá fora, enxuguei as lágrimas, com minhas mãos sujas, levantei esticando o carpo em direção á janela. Vi um vulto, se mexendo por entre os arbustos. E a sensação de estar sendo vigiada voltou. Pensar é muito mais que se preparar pra agir ou falar, o pensar se move através de sentimentos. E pensei que meus sentimentos poderiam me levar fora dali. Em tão tive uma resposta imediata á aquilo tudo e saí da casa me encontrando em uma linda manhã de sol. Resolvi andar. Depois de andar muito e não achar nada para comer, eu ouvi um barulho. Mas não era aquele barulho de floresta, galho gravetos. Não... Não, era um barulho de carros. Virei á minha esquerda perseguido o barulho, vi ainda longe uma rua muito movimentada esconder-se por entre os galhos. Parei. Pensei o que eu queria... E dando as costas para o “mundo”, fechei os olhos e corri. Caí no chão e me contentei em ficar ali, em um ato de fraqueza. Pronto! Foi aí que descobri que a paz é um estado de espírito. E que toda vez que eu podesse ouvir sem nenhum barulho em volta, olhar com olhos fechados e sentir a frieza da terra, com seu cheiro sujo. Era quando estava em um estado que me condicionava não estar. O que procurava, talvez encontrasse á muito tempo, mas ao meio de um meio sem isso, não poderia ser aproveitado. As idéias se moviam vagarosas, e os ideais maué já eram outros...

BRASIL NOSSO!

Brasil,
Brasil mestiço
Brasil com Z,
Brasil bunda!
Brasil cara,
Brasil Branco, preto , índio,
Brasil tupi, tupinambá, tupiniquin,
Brasil angolano, marroquino, africano
Brasil, espanhol, português, frncês, alemão
Chinês, Japonês!

Brasil colônia,
Brasil ouro
Brasil carnaval
Brasil pandeiro
Brasil cultura
Brasil política
Brasil sem rei
Brasil sem lei
Brasil bola
Brasil atleta
Brasil riquezas de encher olhos de brancos!
Brasil comercio
Brasil terras
Brasil escravos
Brasil exploração
Brasil abuso
Brasil água
Brasil infinitas riquezas!
Brasil que disseram olha lá!

Brasil propriedade
Brasil gente,
Brasil estrangeiro
Brasil copia
Brasil dependente
Brasil LIBERDADE
Brasil NOSSO!

Além de nós

Porque nós mostramos tão insignificante?
Cada vida não passa de mais algo á dizer
Cada morte foi algo dito
E de noite vem o medo
Mas querer ser quem não é
È mais difícil de ser
Pois todos os tipos de linguagem
Não passa de uma forma de comunicação
È o contexto incompreensível
A conversa que não se escuta
Já que a linguagem é uma identificação
Sou o que sou
E sempre serei eu
O tempo esquecera dos nomes
E o conhecimento será cada vez mais cobiçado
O nome é uma linguagem que não se entende
Na fala
Cada dia que passa o tempo
Leva segundos que poderíamos
Aproveitar
E a organização que é que quebrada
O sentido que me falta
A bulssola que perdi
Queria uma realidade menos mórbida
Sem seus falsos moralismos
Sem seus defeitos fictícios
E á menos que morremos tentado ser além de nós
Nunca poderemos voar
Ou mesmos cobiçar algo além de mim...
ALÉM DE NÓS!