TCHAU, tenho que ir


Quero deixar tudo por aqui em uma boa ocasião
Vou fazer uma festa para todos
Me visitaram e terá muito oque beber, comer e se deleitar
Terá poesia para todos os fins
E sendo assim , terá poesia para todos os novos começos
Um novo começo do meu livro
Meu livro sobre Sophie
Cheia de graça e beleza
Sobre a poesia quântica de Sophie
Cheia de amores e desejos

Assim me despeço de vocês poucos, para andar, caminhar mais longe por toda a Sophie

Venham caminhar comigo, depois da nossa festa!

WWW.OLIVRODESOPHIE.BLOGSPOT.COM

Espero ver vocês poucos por lá, junto de mim :)

Branco céu

O céu branco
Mais branco que o branco dos seus olhos
Mais branco do que a nossa alma

Esse céu branco que cobre nossas cabeças
Está agora em nossos pés

Desse céu branco que caí
Caí a chuva, que molha
Caí o sol, que ilumina todos nós

O céu branco, pálido
Inspirador
Céu branco das manhãs
Suspiraremos

Esse céu branco em que amanheço
De estrelas tão recentes
Céu de noites acabadas

Céu seu e meu, meu bem
Branco e estéril
Branco e simples

Céu branco que molha tudo de melancolia
Céu branco que caí ... e caindo se acaba

Das Dores de Oratórios - João Bosco

"Porque o amor é como fogo,
Se rompe a chama
Não há mais remédio"
Foi por amar
Que ela iô iô iô
Se amasiou com a tal solidão do lugar.
Foi por amar
Que ela iô iô iô
Só pecou nas noites de sonho ao gozar.
Foi por amar
Que ela iô iô iô
Só ficou só
Ele a deixou
Só ficará... hum! Foi por amar!
Foi no altar
Que ela iô iô iô
Noiva que um andor podia carregar.
Foi no altar
Que ela iô iô iô
Dor que a própria dor de Das Dores será.
Foi no altar
Que ela iô iô iô
Não virá?
Não.
Ele virá...
Não, não virá... hum! Foi no altar
Era um lugar
Era iô iô iô
Salvador Maria de Antonio e Pilar.
Era um lugar
Era iô iô iô
Seixo que gastou de tanto esperar.
Louca a gritar
Ela iô iô iô
Esquecer, quem há de esquecer
O sol dessa tarde... hum! Sol a gritar.

Ah se estivessem por lá antes...

Eu vou levar-lhes pelas ruas que vivi no mês que vêm.
Pegaremos o metrô no Butantã e iremos até a Sé, só para eu mostrar o tanto de gente que passa por lá, gente apressada para valer, correndo com sentido certo, nervosa, cheias de angustias e vida que pulsa.
Como será cedo, sentirão o cheiro da cidade dos cheiros, aquele que inspira todos a dar mais um passo, acho que é de leite fervendo ou mesmo de ideias borbulhando.
Depois pegaremos um trem até a republica, mas subiremos pela saído do Largo do Arouche e andaremos até a Santa Casa da Misericórdia,
onde irei mostrar os velhos prédios e os gatinhos mimosos que andam por lá, falarei de toda a mágica da morte que ronda por ali,
e falarei também das nossas tentativas furtivas de criança para ver os mortos do necrotério, e falarei sobre minhas doenças que faziam minha mãe pular da cama no meio da noite.
Depois subiremos a rua Itambé e dobraremos na General Jardim. Vou bater em uma casa colorida que tem lá, onde guardam tantas lembranças boas da minha infância, aí mostrarei a vocês todas as grandes pessoas que conheço.
Logo a conversa vai terminar, depois de algumas risadas e um pouco de Chico.
Vamos a Biblioteca Monteiro Lobato, onde quero mostrar tudo e falar da minhas experiências com o teatro. Passearemos pela pracinha e lá ,talvez, uma de nós terá coragem de escorregar e cair de bumbum na areia, riremos e iremos ao SESC, cenário da minha pré-adolescência.
Verei vários amigos de longa data e apresentarei todos a vocês. Travaremos algumas discutições sobre a subjetividade e nem perceberam como tudo aquilo é um grande presente para mim. A fusão de dois mundos...
Aí, como vai ser uma sexta, iremos para a Borba ver os moçoilos da grande faculdade ali perto, um noite perfeita que terminará em algum bar ou cinema da augusta.
No outro dia, bem cedo, visitaremos a Liberdade e nós sentiremos livres em cima de uma daquelas grandes pontes vermelhas comprando besteiras.
Iremos para a 25 de março nós perder na multidão, ser mais algumas entre tantas e tantos...
Conheceremos a praça da Sé, só para vocês sentirem o gostinho de ser paulistana no centro do Brasil. Andaremos até a Republica, onde comeremos um Tempurá de pé e veremos uns artesanatos cheias de singularidades.
Será um fim de tarde de risadas e olhares pelos belos garotos e garotas do centro, pelos belos garotos e garotas da grande Galeria do Rock.
Mas o que será?
Repasso o plano umas dez vezes, escrevo e descrevo para mim como falar de cada lembrança sem esquecer de nada. Será que consigo? Será que meus olhos vão vazar?
Quero que se sintam como eu nessa felicidade nosence e cheia de saudades e um tempo tão passado...

O velho da montanha

Existe tanta gente que tem medo do tempo, que tem medo que ele passe sem que percebam, pensa até que ele é um grande monstro. Coitado... Acaba sendo mal compreendido! Só quer ensinar a todos as coisas que acumulou com sua experiência. Ele é assim: um velho sábio vestido de branco, sentado em cima de uma montanha meditando e guardando um rio que passa por ali. As pessoas que conseguem dialogar com ele, e pelo menos um pouquinho entende-lo, podem beber da água do rio que o Tempo protege. Essa água traz uma sensação de plenitude que só entendemos com a experiência.

Mas que fique bem claro, subir a montanha não é tarefa fácil, porém descer... Bom, para baixo todo santo ajuda, né?! Ou se não tiver santo, temos a física e o Px, como queira.

Quero destacar que o melhor não é descer, o melhor é subir e colher tudo que puder nessa caminhada. Na encosta da montanha existem tantas pessoas, coisas, cores, flores, dias, noites, caminhos e confirmações incríveis que nem se pode imaginar. Teve gente que subiu pela montanha várias vezes na vida e me contaram que a água muda se sabor a cada gole.

Você pode até me perguntar o porquê de nos preocuparmos com o tempo, se somos tão jovens. “Ora!” responderia, “ quando quer começar a subir a montanha?”. Ou melhor: “Quando quer pensar no tempo?”, “Onde estará daqui a dez anos?”, “Quais são seus sonhos futuros?”... Isso tudo parece muito com aquelas conversas de gente velha. Mas já disse que o Tempo é muito velho. Quando eu fui lá ele olhou para mim profundamente e perguntou: “Você consegue viver no agora, neste instante, já?”. Confesso que não consegui responder... E depois de muito conversar ele me deixou beber da água, bem pouquinho, disse que tinha muito a aprender. Ao beber senti gosto de passado e no finalzinho, mas bem forte, gosto de futuro, foi quando entendi a pergunta.

Dentro

E dentro da menina tinha uma outra menina.
E dentro da outra menina tinha uma outra menina...

E dentro da outra menina tinha uma mãe.
E dentro de uma mãe, tinha um pai.
E dentro do pai tinha uma mulher loira.
E dentro da mulher loira tinha a vontade.
E dentro da vontade tinha a ganancia.

E dentro de um homem, que passeava, sem nem perceber,
(pela minha rua), tinha a ganancia.

E fora da mulher do carro, que passou sem perceber pelo homem (na minha rua), tinha outro homem.
E fora do outro homem tinha um cachorro.
E fora do cachorro tinha um gato.

E dentro do gato, tinha um rato gordo.
Mas fora do gato só tinha um rato magro...

E dentro do rato tinha a pipoca.
Que mais cedo, a menina deixou cair.
Mas, como o rato, ela também tinha a pipoca dentro de si.

E o queijo estava lá, dentro da menina,
Meio que junto com a outra menina, que estava junto com a outra menina...
E ao mesmo tempo, meio que separadas...
Mas tudo dentro da menina.

E lá de baixo, no sub-alguma-coisa da menina estava o dia, cheio de luz.
E no dia estava ela com a outra menina,

As três sorrindo, num dia de sol...
Sorrindo da água que caía e de como elas estavam molhadas.
Sorrindo por estarem todas dentro do grande mundo.
Sorrindo pelo mundo estar dentro do grande universo!

Para Alana e Eliza.. Minhas meninas!

Anil

Azul,
Azul é o céu
Azul é o sol
Azul é o mar
Azul é luz
Azul é a paz
Azul é dia
Azul são as coisas mais preguiçosas e maravilhosas
Azul é interior
Azul é o exterior
Azul é o detalhe do vestido
Azul é o que roda
Azul é o que gira
Azul é a terra
Azul é vida

Azul é a liberdade ... e não vermelha...

Des - vaneando

Hoje pedi para um amigo uma musica que ele tá compondo para letrar...
Será que posso me aventurar nessas coisas de música? Será que tenho capacidade de aprender todo os acordes que me chamam tanta atenção?
Hora! Deixa só...
Logo me imagina no parque do Ibirapuera com um lindo violão nos braços, alguns bons amigos e uma pinta de underground.
Aí esses amigos vão ter ideias sobre um novo jeito de fazer música, cheia de muito senso critico e conhecimento, sairemos lutando contra toda forma de repressão com o sol nas bacas de revista... imagino e imagino.
Ah droga! Isso já aconteceu.
Aí vocês, se começarem a entrar na minha loucura, me perguntariam o que falta nessa cena e lhes respondo que falta muito! Eu riria... Falta eu aprender a toca violão! E falta o Ibirapuera, os tênis all star surrados, as camisetas vermelhas, as ideias vermelhas, os dias de sol, o borbulhamento dos sonhos e principalmente a canção que toca no fundo ( o mais importante), por que todo mundo sabe que um bom filme só é bom mesmo se tiver uma trilha sonora que preste... Ou não.

De Micaela Barbosa

“...
A vós fruidores da arte, a vós fazedores da arte, a vós amantes da arte, a vós críticos da arte, pergunto-vos: o que quereis vós da arte? Simplesmente isso, o que quereis que a arte vos dê? Ou que quereis vós dar à arte? Será que estamos assim tão distantes?

Em pensamentos fugidios, em momentos de vontades, fez-se necessário para mim, talvez só para mim, partilhar algumas ideias que convosco se foram maturando, convosco se foram contradizendo e convosco são agora comungadas, espero!

Eu quero simplesmente uma coisa da arte: DESAFIO!!!

Não quero da arte beleza, pois ela constantemente se cruza comigo, a verdade que eu tenho como beleza suprema e não algo fora dela.

Não quero da arte amor, pois sempre o encontro sem surpresa e sem transcendência na vida e o coloco noutro lugar especial.

Não quero da arte a dor, pois sem querer a vida ma dá de quando em vez.

Não quero da arte a história, pois alguém se encarregará de a fazer sem que se exija.

Não quero da arte a revolução, pois acredito mais em operários do que em artistas.

Não quero da arte um conceito, pois sou eu que o dou à arte e não ela que mo dá.

Não quero da arte uma forma, pois acredito no disforme.

Não quero da arte.....

Não quero nada da arte a não ser o sentir o abismo do desentendimento, ou melhor, o abismo do nada. Adoro estar perante algo que não entendo, que não sinto, que não toco. Adoro a viagem que tenho que empreender para me aproximar de algo, mas simplesmente no momento do toque já a arte desapareceu.

Tenho sentido em meu redor, palavras, sons soltos...conceitos presos...arte contemporânea, cinema pobre...pois meus amigos, para mim isto só faz sentido, só embarco nestes barcos se for para sentir o desafio, pois se for para me darem as vossas verdades acabadas, as vossas morais esperançadas, os vossos objectivos concretos, não metam a arte na conversa.

Do cinema, do teatro, da música, da poesia, das plásticas...só quero isto - DESAFIO!

A arte, o fazer artístico, já esteve ao serviço do outro do homem, do mito, do semi-deus, do deus, da politica, da moral, do sonho, do egocentrismo, do egoísmo, do real, até mesmo ao serviço da própria arte, imaginem...pois eu não quero mais um serviço, quero poder perder o equilibro...

Para mim a arte só faz sentido se for para me tirar os sentidos, para me inebriar, me confundir, me embebedar, me abismar e sobretudo me desafiar!!!

Ou então eu só faço sentido para a arte...se eu não tiver sentido algum...a arte tem que ir para além da vida...ela tem que criar uma outra vida, a sua vida, a sua própria vida, ou outro nome qualquer, e com ela poder flutuar.

E vós, quereis o quê da arte? Ou melhor, tendes algo para oferecer?

Me limito horas a fio a viver no fio da lógica, a viver no fio da razão, a viver no fio do sonho...mas e para além disso o que há?

Pois para mim, terá que haver a arte, não aquela que eu quero, simplesmente a arte que me desafia a querer ou a não querer.

Mas não me ofereçam aquela que eu não quero embrulhada em papel bonito!!!

Depois disto, já nem me apetece chamar arte à arte.

…”

Desatino

Pintou os cabelos de figo roxo
As unhas de tapete vermelho
E todos os dias pede atenção
Sem entender a si mesma
Fez o que ninguém faria
E esses fatos do passado
Que ela quer destruir
A tragam sem preocupação
Sem tédios certos
Nem dias longos
Só noites com poucas estrelas
E sempre a ruim ideia de que uma hora vai amanhcer

Ah esse olhos...

E que fico assim a esperar estes olhos pequenos e sua boca delicada...

Eu que ficasse esperando você,
Ficaria morta, de noite sem poesia
Ficaria mal, de dia sem chuva
Estaria tal como todas, nesses períodos sem sentido
Queria bem entrar em ti
E dentro de ti me implantar
E dentro de ti seduzir
Se eu ficasse esperando por você,
Talvez não me entregasse nos seus braços
Não me perdesse no escuro
Não sentiria sua delicadeza

Tão bem , menos ainda, saberia quem és
Será que realmente sei?
Eu que nem sei nada do mar...
Quero mergulhar profundo
Te sentir, fundir todo esse parco sentimento
Teus olhos de vidro

Como posso saber?
Nem neste mundo
Que tudo muda
Saberei o que há atrás do seu olhar
Será que ainda ama?
Será capaz de amar de novo?
Serei capaz?

Jung explica...

Cada Vida é uma desencadeamento psíquico que não se pode dominar, a não ser parcialmente.


Por conseguinte é muito difícil estabelecer um julgamento definitivo sobre si mesmo ou sobre a vida.

Caso contrário, conheceríamos tudo sobre o assunto, o que é impossível.

Em última analise: nunca se base como as coisas acontecem.
A história de uma vida começa em dado lugar, em um ponto qualquer de que se guardou lembrança e já, então, tudo era extremamente complicado.

O que se tornará essa vida, ninguém sabe. Por isso a história é sem começo e o fim é apenas aproximadamente indicado.

Jung


Será mesmo que entre tantas vidas, tantas probabilidades de viver, se poderia indicar qualquer coisa? Será mesmo o fim indicado? Será mesmo que o fim existe?
Por mais que toda vida seja diferente, seus desejos, planos, formação, tolerâncias... como podemos ser tão diferentes e tão importantes?

Café

Ah que sensação maravilhosa! Tenho que sentir a efemeridade destes instante, minha cabeça esta leve e meu corpo um tanto relaxado. Será que foi a xicara de café que tomei. Não, não era uma xicara era um copo, muito, mas muito café! Café bem preto...Pretinho, pretinho.
Nunca tomei tanto café na minha vida, não gosto de café, me dá azia.
Estou me sentido enérgica e cheia de alegrias a compartilhar, acho que ainda não tinha ecrito aqui neste nível de consciência. Venho aqui jogar minhas magoas mas agora estou explosiva, rápida, sensata, confiante. Como cal gorda, que são normalmente rápidas e calcicas! Até fiz uma descoberta maravilhosa: Café é uma droga!!!! Acreditem, não estou no meu normal... kkkk
Estou trêmula, as palavras saem rasantes, deslizo rápido meus dedos no teclado. Erro, apago e escrevo novamente. Ideias mil! Meu pai disse que cafeína não é brincadeira... Acho que minha pressão tá diferente, to um pouco zonza. Mas tudo parece muito engraçado.

Loucura é designo divino!

Eu nuca entendi direito as pessoas. Também, qual seria o motivo para eu tentar entendê-las? Eles ficam triste, berram, xingam e parece que sempre peco ao tentar abrir a boca.
Não que eu não seja assim, devo ser bem mais pirracenta e egoísta do que todos que conheço, mas parece, de uma forma ou de outra eu devo me prestar a modelagem deles ou superar certas expectativas que simplesmente não são minhas. E por mais que eu não queira, ficam por aí tentando me moldar, me tirar da minha arredoma de vidro. O pior é que minha arredoma é de vidro temperado, difícil de quebrar, só eu tenho a chave da porta... Que na verdade não é uma porta é um pequeno buraco! Um buraco de maquina de lavar, bem pequeno! só eu...
Entenderam! Só eu!
kkkkkk
kkkkk

Meu lindo mundo colorido


Eu nasci as 5 e 40 da manhã e realmente não consigo entender o meu horror por madrugadas, seja passando acordada por elas ou simplesmente tendo que acordar nelas.
O Hospital Maternidade Santa Marina sempre foi muito reconhecido e não acho que, por algum motivo, poderia ser trocada na maternidade, embora sonhasse com isso minha infância quase inteira.
Fui uma criança muito estranha, afastava as outras meninas e meninos e acabava tendo amigos mais velhos ou com folhas e capas, desse último tipo tinha preferencia por aqueles que cheiravam suavemente a mofo (acreditava no valor dos velhos livros, apesar de não entender direito as histórias).
Aí encontrei um mundo encantado, onde tinha milhares de possíveis amigos: com capas antigas e cheiros dos mais variados espécimes de fungos. Nesse mundo podia ficar o dia todo, enquanto minha mãe executava outras atividades... O problema é que fechava ás 18 horas. Ah! quem quiser conhecer fica na rua General Jardim, centro de São Paulo e tem uma praça muito bonita, mas como toda propriedade publica de São Paulo que se prese está meio largado, meio jogado, assim: meio esquecida... um mundo todo desperdiçado... Como uma infância que se perde na memória, porque este meu mundo cheio de amigos encadernados tem uma memória, uma grande sala cheia de passado, de presente e de futuro.
Mas naquela época meu mundo era perfeito, porque lá nunca ficava sem fazer nada.
Foi lá que conheci muitas pessoas, cheias de explicações, pensamentos, poesia, força, sonhos, conselhos e amor. Quero falar de quatro que foram, de todas as formas, extremamente decisivas para a minha história. Primeiro falarei de dois irmãos, eles eram um tanto macrabos, cheios de suspense, mas sempre me ensinavam muitas coisas e faziam o tempo passar muito rápido. Ficavam dentro de uma coleção enorme de livros com capa verde-musgo, chamam-se Irmãos Grins.
As outras duas pessoas, que quero falar, eram quase como irmãs, viviam juntas, uma ajudando a outra, pensando e executando tudo quanto era tarefa que faziam meu mundo se duplicar, ampliar, expandir. Quando dei por mim estava rodeada de amigos com i,pressos ou não, dentro de um mundo lindo e enorme, iluminado pelo conhecimento. Porque essa coisa de aprender é que nem o amanhecer, pode estar escuro como for que a luz na mão do guia se multiplica aos poucos quando você se debruça para observá-la. E tudo isso muda toda realidade em que vivemos, as coisas passam a ter mais poesia e o mundo mais relevância dentro do infinito universo.
E essas duas mulheres com sonhos e coragem de leão construíram uma casa colorida. Cheia de veiais arteriais que pulsam todas formas de expressão. Desenvolvem lá um mundo com cores lindas e fortes que marcam a todos que por lá passam. Elas, mulheres, fortes, vivas,
modificadoras de realidades, expansoras de universos, guias com lanternas que sempre estão acesas, esperando aqueles que se debrucem para sorver de toda sua luz.
E antes que tudo se desabe eu continuo vivendo, mantendo minha luz acesa. Longe, mas bem perto do Jabaquara e do centro de São Paulo. E toda vez que me lembro é com ver uma fotografia do meu mundo infantil que nunca esquecerei.


Para Vera, Valéria e o Espaço Arterial.


A.Ramos : essa arte


Essa arte,

que me faz pensar, tira qualquer ideia e me coloca a par de tudo,

de todo o mundo.

Sua arte,

cheia de fantasia, poesia e mitologia.

Representações do real você.

Quero entender,

mas a arte ultrapassa oque o artista diz.

E invade o campo cosmológico do mundo, do todo, de cada segundo.

Mergulho dentro do desenho,

viajo na centelha do amor entre um peixe e um pássaro,

cheios de cor.

Ah e nem sinto seus olhos a me observar pela câmera

Só pulo pelo arco-íris e acho a árvore da vida, cheia de maçãs d’ouro.

Será que isso faz sentido? Será que quer dizer com isso?

E quem se importa com o sentido?!

Se o sentimento que a sua arte exala é mais forte!

E vai se transformando em papel e cor, meu mago cheio sem palavras.

Te protege que eu estou sempre esperando por ti.

Ao me ler,

saiba que a garota do blog quer te ver voar muito além do arco-íris,

prá lá da ilha das ninfas e do titan ,

onde a vista acaba e a faísca do amor já se tornou vulcão.

Em você

Perco-me em suas palavras

Seu verbo que cabe a todos

Em suas horas risonhas

Em sua forma, força e fogos



Perco-me em seus sois

Em seus olhares entre nós dois

Seus quisares

Em seus plenos linhares


Perco-me em suas verdades

Por que já nem sei se posso ser verdadeira

Sem ao menos te ver

Perco-me sem sentir se posso fugir


Perco-me em sua poesia

Nas suas cores

E estes tantos encantos

Que tento tocar


Perco-me em tudo que pode anunciar sua presença

Perco-me em tudo que pode me deixar em sua ausência

Perco-me em você

E de baixo desse blues te guardo

Perdida dentro de mim


Para Beth



Último tango bêbado em paris

Vamos nós depararmos em um apartamento

Belo encontro pelas ruas de Paris

E sem sabermos quem somos

Dançaremos uma dança destrambelhada

Cheia de desabafo e poesia erótica

Tudo isso depois do primeiro olhar

Mas não existiremos fora de apartamento de ninguém

Nem fora de nossos sonhos

Seremos fortes e gratos a cada encontro

E por mais que me despedace serei tua de corpo e desejos

Por mais que sejas dela ainda: morta pálida, corpo frio.

A poltrona ficará na frente da janela

E as persianas ficaram abertas de dia

Pois a vista da vida daqui de cima é linda

Os nossos nomes não ditos

E Todas minhas lágrimas com manteiga pelo chão

Depois de muito, me dirá quem és

E eu vou me arrepender de saber

Correrei para cair em seus braços

Sentirei seu bafo bêbado

E dançarei um ultimo tango, cheio de álcool em Paris...

Cavaleiro Andaluz (Bruna Caran)

Amanheceu
Um elo entre as civilizações
Um novo Aquiles rompe os grilhões
E a cidade vai conquistar
Não lembra bem
De como aprendeu a lutar
Há tanta gente no calcanhar
Um semi-deus em cada portão

Escapar
A Liberdade dá no Japão
Acrópole é outra visão
Que a Vila Olímpia não alcançou
Decifrar
Há tanta esfinge aqui de cristal
Quanto edifício nesse quintal
Que a erva-cidreira já perfumou

Como emboscar
Dianas nesses bosques que há
Os olhos de Afrodite espiar
Nas fontes desse Parque da Luz
Você zarpou
Na costa da Ligúria bateu
Cruza a Paulista e o solo europeu
Virou meu cavaleiro Andaluz

Se embrenhou
Nesses traçados do coração
Ruelas da avenida São João
Escadarão do Municipal
Surpreendeu
Quem nunca sai da Consolação
Que ao menos na imaginação Um novo mundo existe afinal

Me leva Cavaleiro Andaluz...
A paz sempre há de estar com você...


Em homenagem a minha Acrópole, banhada pelo igarapé Tietê languido.

Saudades das escadarias do municipal e da Consolação

De onde nunca parti em vão...

Que o meu cavaleiro me encontre pela paulista também

Ou pela esquina na Ipiranga com a avenida São João

E me proteja ao descer a Augusta

Durma comigo aqui, longe da minha gente

Junto com essas correntes cheias de saudade

Enchendo-me de melancolia urgente

Queria ser...

Queria ser

Bailarina
Atriz
Cantora
Musicista
Dançarina
Poeta

E saltar no meio do palco
Em um sumo salto bem alto
Voar para longe

Paris
Bolívia
Buenos Aires
Barcelona
São Petersburgo
Madri
Butão

Ser esbelta, intelectual, sensual
Batom vermelho e belas palavras mornas
Sombras concretas e sonhos feitos
Amores cheios de gloria
Olhos cheiros de lágrimas
Para derramar a felicidade a despeito
Colonias dos mais belos cheiros
Toques e desesperos

Acordar viva ao dormir em meus receios
Tudo a me abraçar:
Seios e pernas,
Braços e e força,

Ser underground
E não precisar de nada

Ser livre,
de mim
e dos muitos outros...

Delírios de uma noite

Ela pegou o vinho e olhou profundamente para ele.
E de repente tudo era quente e cheio de tons.
Nenhuma pena, nenhuma suplica só a ponta de uma flecha qualquer que a atingiu.
Vinho roxo, como sua boca: vermelha. Sonhos, vermelhos do mais puro e sintético desejo, como a pasta que disposta na mesa se passa no pão e o mel que escorre.
Gosto de azeitonas pretas, fantasias verdes, cheias de esperança. E então explosões de lucidez e desvarios firmes, deliciosos.
Um jazz com tom de madrugada, deixava o ambiente com ar de leveza. Eles deliravam sorrindo (sem nem encostar um no outro), nas nuvens dos seus pequenos templos mentais.
Mais um copo, sorrisos. Depois, corpos e suspiros. Vozes sussurrando palavras tolas mas cheias de vida.
Dentro de um quarto onde o mundo não estava, muito menos eles mesmos, porque agora eram outros...

Intenso

E mais uma vez eu aqui lamentando um amor perdido.
Lamentar e só lamentar,
tais lembranças que me fazer ferver e não me deixam dormir.
Faz mais que um... um ano de lembranças perdidas... mais de um ano perdido.
E mais uma vez, parece dezembro, porque?
E suas poesias nuas me parecem tão lindas.
E quando escuto sua música que traduziu para mim, sem muito sentido, não sinto mais nada, só sua falta.
E ela que te tem nos braços, te nina e te faz ser quem é.
Mas afinal, quem és?
Por mais que tento matar-te, não consigo
E morro, por que meu mau feitiço se volta contra mim.
Por que te desprezei da primeira vez?
Agora te vejo tão perfeito,
E ela e sua blusa com seus desejos.
C hico me nina de noite e ainda posso ouvir você ... ouvir tantas coisas...
Porque não me deixa ao menos dormir?
Porque se tornou tão grande desamor?



A Violeira (Chiquinho)

Desde menina
Caprichosa e nordestina
Que eu sabia, a minha sina
Era no Rio vir morar
Em Araripe
Topei como chofer dum jipe
Que descia pra Sergipe
Pro Serviço Militar

Esse maluco
Me largou em Pernambuco
Quando um cara de trabuco
Me pediu pra namorar
Mais adiante
Num estado interessante
Um caixeiro viajante
Me levou pra Macapá

Uma cigana revelou que a minha sorte
Era ficar naquele Norte
E eu não queria acreditar
Juntei os trapos com um velho marinheiro
Viajei no seu cargueiro
Que encalhou no Ceará

Voltei pro Crato
E fui fazer artesanato
De barro bom e barato
Pra mó de economizar
Eu era um broto
E também fiz muito garoto
Um mais bem feito que o outro
Eles só faltam falar

Juntei a prole e me atirei no São Francisco
Enfrentei raio, corisco
Correnteza e coisa-má
Inda arrumei com um artista em Pirapora
Mais um filho e vim-me embora
Cá no Rio vim parar

Ver Ipanema
Foi que nem beber jurema
Que cenário de cinema
Que poema à beira-mar
E não tem tira
Nem doutor, nem ziguizira
Quero ver que é que tira
Nós aqui desse lugar

Será verdade
Que eu cheguei nessa cidade
Pra primeira autoridade
Resolver me escorraçar
Com tralha inteira
Remontar a Mantiqueira
Até chegar na corredeira
O São Francisco me levar

Me distrair
Nos braços de um barqueiro sonso
Despencar na Paulo Afonso
No oceano me afogar
Perder os filhos
Em Fernando de Noronha
E voltar morta de vergonha
Pro sertão de Quixadá

Tem cabimento
Depois de tanto tormento
Me casar com algum sargento
E todo sonho desmanchar
Não tem carranca
Nem trator, nem alavanca
Quero ver que é que arranca
Nós aqui desse lugar


Tempo

Este tempo duvidoso

Que é o que antes não era

E agora já é outro

Que derrama a fadiga do espectador

Que espera as estrelas

Pra depois morrer de amor

Este tempo trabalhoso

Que flameja simplicidade implícita

E vem ver o impossível

Que logo será admissível

Que escorre a vida viva que pulsa

Percorre e ultrapassa a duvida

Este tempo que não se interrompe

Que nunca se explica

De cama feita

E trama pronta

Que escreve e apaga

Abre e fecha ferida

Bolacha de chocolate

Seguinte, estou um tanto bem humorada hoje, comi um pacote de bolacha de chocolate e neste instante corre nas minha veias o doce açúcar que me faz sorrir... Riririri
Ouvi dizer que o açúcar é uma droga, que de tão refinado causa alterações físicas e psicológicas no consumidor. Engraçado ... Acho que estou no meio de uma overdose de açúcar. Depois de uma quinta-feira de rompimentos e um pouco de TPM me sentia a pouco o último ser existente no terra, indigna e resfriada. Que milagres não fazer o santo açúcar contido na bolacha de chocolate.
Acho que não vou publicar isso. Ou vou?

Amores passados

Vou branda para as praças e cidades pequenas, gritar sem parar, sem aquietar minhas ideias insignificantes.
Girar e gritar todo esse amor sem receio que envade o mais profundo pensamento e me faz dançar e dançar sem parar a música que é impossível de se tocar.
Todo esse furor vai acabando, se esvaindo, fica pequeno, murcho... morre em agonia se contorcendo para qualquer dia levantar, depois de tomar o sombrio incentivo dos meus férteis venenos.
Preste atenção por que a maré volta e não tarda a ressaca.
A alma será purificada: limpa com água benta e cachaça...
Serei tão eu, que nem sentei todo o vazio que sou.
Papeis, letras e amores tristes esquecidos no tempo, este tempo que carrega tudo tão de pressa. Tempo... Tempo...
Serei tempo, para entender seus movimentos retrocedentes constituídos na minha mente.
Quero me largar desta lembrança mas ela me persegue tanto... Isso começa a me atrapalhar.
Como diria A.C. "Oh, tão presa"...

Abajur

Ela te olhou no olhos
E riu pra dentro
De fora do mundo
Ela dança

O corpo dele que roda
A ronda dos desejos dela
Correndo atrás do menino de mentira
Das verdades que venera

Tudo sem ponto final
Ato fatal
Ah meu bem,
Como se sentiria se fosse o último gole?

Beleza que vestem-se mutuamente
E se descobrem no momento seguinte
Caindo no fundo
Até as portas estarem abertas

Ria, ria,
Para dentro dos próprios mortos
Ela sorria
Para secar a chuva que acabou de cair


Como pode querer que eu seja você?

Ah esta vontade de ser atriz...
De largar os panos deste plano
Ser cigarra
Ser feliz
Nem ligar para o que foi
Para as procissões e opiniões
Para as mais diversas relações
Para você que quer que eu vá
Mas não vai

Não ligar para mim
Ter o pensamento quieto
Ser menino
Ser velho
E ter um coração cheia de besteiras
Olhos prontos para jorrar as tristezas da humanidade
Ter sonhos feitos, plenos

Simplesmente sem ter-te por perto
Você que não sabe quem eu sou
E faz-me perder
O meu ínfimo amor
Não me admira...
Que me deixa a solidão
A margem do seu tempo
Caída ao chão
É aos prantos que te mato com força e coragem
Te empurro na forca do meu coração
Na forca da minha opinião
Não me perturbará mais
Sei que posso ser bem quem sou
Remou suas palavras
Seu capitalismo que me faz morrer
Seus dias de trabalho árduo
Sem sentido para viver
A inércia dos meus pobres percalços
Que não se enquadra em você


( a meu iap )

O que é a felicidade? ( Scarlet e Iza )

Felicidade é uma coisinha tão pequena,
uma inofensiva ilusão aleatória onde realizo todas as minhas contradições e contradanças
É a noite, entretanto, também é o dia.
É o bem , porém, também é o mal.
É tudo que sou e o que eu não sou.

Felicidade é o agora-já das fotografias velhas,
capturadas pela câmera secreta,
das palavras ditas,
dos anos mais frios,
guardadas pelo chuvisco e pelas tantas lembrança que cultivo,
pesadas demais para te mostrar.

Felicidade é fechar os olhos e estar em outro lugar
Por os pés no chão... e acordar.
São os nossos sorrisos e risos
Ao cair da tarde
Até o silêncio findar.

Felicidade é não encontrar palavras...
São as frases bestas levadas pelo mar
Pelo amar
É te ver resmungar.
É a capacidade, a inatividade, a metade
É saciar.

Felicidade são as janelas
E as meninas postas nelas
a me observar.
E os poetas a poetizar.

Felicidade é o pensamento
e o nem pensar.
São meus fragmentos amarelos
e olhos vermelhos

Felicidade é o dormir
e talvez não acordar.
É a mesa que se põe em seu olhar
É o pais de trebizonda
e as ronda do carpinteiro,
que insistem em me achar.

Felicidade é a claridade escura
dos caminhos que escolho
Onde sentir e observar
é uma questão de parar de especular.

Felicidade é tudo que quiser
o bem e o bom
de estar e ser
sem entender
e poder sonhar...



101

Começo a ver beleza donde antes não via.
Sempre que percebo que estou vendo além de mim mesma, tenho certeza que estou em plena evolução. Ah, se não fosse minhas crises existencialista! Sugando-me todos os pensamentos, dando um pouco de conflitos, questionamentos, eternas perguntas...
E logo depois está lá: O silêncio. Então, magicamente Renasço. Aí sempre sinto este caldo bem misturado e quente, que definitivamente decidi chamar de Amor e Esperança, entorna dentro desta revolução .
Não interessa o que digam os capitalistas, os mortos, os marxistas, as virgens,os positivistas,as putas, os moralistas, os hipócritas, os idealistas, os vivos, os imperialistas, os fúdidos, os fugidos, os negativistas ... Nada interessa neste instante mais do que esta nova tomada de consciência. Para abrir cada vez mais meus olhos para o mundo e entender o todo, onde tudo está. Principalmente a mim que sou o centro, pois o centro é toda parte!
A beleza da gravidade de cair, de levantar, morrer e nascer no mesmo lugar.
A beleza da descoberta que se redescobre a todos instantes, no agora, no já! Vivendo, apenas vivendo...
Sinto vontade de roçar minha língua na de Caetano, de Chico, de Nara, de Cartola, de Florbela, de Carmem Miranda, de Sócrates, de Platão, de Ana C, de Wilber, de Vini, de Drumond, de Camões, de Pessoa, de Maribel... De toda a poesia e o conhecimento que eu puder. Roçar minha língua em você e mim mesma! Qualquer roçar que me faça transcender quem sou, quem posso ser. E principalmente para mudar o mundo que está em mim, o mundo que eu vejo e o mundo de todos!

Soneto de fidelidade (Vinicius de Moraes)

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure


Vini, sempre tão sábio!

Sina da vaca

Pastos para me servir
Me lambuzar no verde
Na clorofila sintetizada
Fotossíntese

Neste mato seco
Minha eu farei
Neste mesa comerei
Mastigarei vagarosamente o chão

Depois vou defecar
Para mais tarde comer as fezes
Que podem ser minhas,
Ou não

Des-graça de ser vaca
Para depois morrer na faca
Açoitando minhas tripas gordas
Minhas mães leiteras

Fazendo escorrer o humor
Pelo chão
Deste ser que é, não
Vaca serei

Entende meu sarcasmo?


Problema de matemática

Para todo x eu, E
Se para todo x amor, A
Então A a nós, B
Eu e você

Verdades visíveis á luz da madrugada

Não gosto quando amanhece, o sol atrapalha a visão da noite escura. Então percebo como minha percepção é volúvel, que a realidade não passa de ilusão, assim como tudo que me atenho. Estou com fome, talvez um pouco de sede, mas não estou com um pingo de vontade de levantar para abrir a geladeira, o que só afirmaria meu sedentarismo aumentando. Agora começa a amanhecer de verdade, o sol já está iluminando o nosso pequeno lado do mundo. Será mesmo muito difícil ancorar um navio no espaço? Meu maior consolo é que do outro lado se faz noite, sombria, húmida ( além de úmida) e pálida. Ela vai construir e destruir as insônia e pesadelos coléricos e cheios de poesia. E o mundo será dois, dia e noite. Interligado pela dimensão dos que sonham e dos que apenas dormem. Mas em dois se fará a imensidão das multipolarides que ele realmente é, porém não conseguimos enxergar completamente ( ainda).

Sono seco, bocejo longo. Nem sei direito se vou ou não para a cama (acho que não). Preciso dormir para suprir minhas necessidades e trucidar certas ansiedades . Pensamentos loucos, soltos no meu sanatório particular, prematuros desta mãe prematura e sem jeito de pegá-los, ordena-los, endeusa-los: banhando com muita poesia e caricias de desejos . Preciso dormir para não pensar nas fazes da matéria, na agregação que sou deste mundo de tantas e tantas partículas as ciência, que só, é oca. Fugir do mundo periférico que se incendeia devagar, agarrado as besteiras cotidianas. Agora já é dia, ora de acordar. ( ou sonhar)

Ahhh Fernando de tantas pessoas !

"…Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.) Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida-real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar."
Fernando Pessoa

Lamento - não leiam

Rasteiro
Consumindo minhas dores
Dentro de alguma gaveta
Espelhos e amores

Os restos das suas lágrimas,
Abertas mágoas
Minhas
Além das feridas fechadas

Seu olhos
Me olhando olhar
Seu ar austero
Com seus luares escuros


Pequenos pecados
Para te homenagear
Pequenos pedaços de mim
Só para você desprezar


Depois das desonras mortas
Está na hora
De mais um cataclisma
Aqui, onde você mora

Te evoco quando necessário
Para chorar mais um pouco
Suas lágrimas frias
Escorrendo no meu rosto


Para eu sentir sua dor
Sem seu amor
Desculpe-me
Por favor



Estava olhando para mim e te vi. Sem querer escorreu uma lágrima só, porque nunca será fácil, nem se você quisesse. Porém você continuaria comigo para sempre. Sempre? Não! Só por enquanto... Te evocaria nas horas necessárias, só para chorar mais um pouco. Entender o acaso que brinca burlando as emoções mais temíveis. Quem nunca se sentiu só ?
Só, mesmo no meio de tanta gente que não te ouve. Um dia ainda te dou um sonífero, te pego no colo e levo-te para fora de mim. Vou fechar a porta, mas deixar uma fresta na janela para quando quiser entrar, contudo observe se eu não espero tanto quanto agora de você. Faça silêncio, não esbarre em nada, não tente me levar para fora só me consuma rapidamente e saía.

Rascunho do sentimento

Vou sorrir
Seguirei
Passo a passo
Meus conselhos pragmáticos

E você tão cego...
No meio de tantos náufragos
Do meu ego

Seus lábios e faces
Tão devorrador
Tão devastador
Apunhala-me por favor

Onde o mundo mora?
Onde se escondeu?
Porque está tão perto?
Quem sou eu?

Publicar o rascunho deste sentimento
Mas liberdade não posso alcançar
Oh tão presa...
A este lamento




A bruxa e a lança

Devorado pelo amor que não o deixava em paz

Procurou pela bruxa

A quem ouviu dizer que tudo faz

Soube que para encontra-la

Teria que subir uma grande escada

Uma imensa escalada

De degraus vertiginosos

De ventos ruidosos

Ele se fez forte de todas as formas

Para aguentar todas as dores :

Do corpo e d’alma

Via o maior do seus temores

o cambalear

Quase desistiu de tal Bruxa alcançar

Depois de muita tortura,

Já desesperado

Chegou ao fim da escadaria muito cansado

Porém a Bruxa não avistou

E ficou gelado

Como quando o sangue cala

O coração ordena, mas o mundo para

Medo correu-lhe as veias

Ácido cru

No corpo nu

Por persistência da paciência

Foi diligente

Devagar procurou a Bruxa

E quando a viu não parecia nem um pouco inteligente

Uma sombra azulada

Como a escada de anil

Ele delirava de dor

Ignorando seu clamor

E ela olhava resignada pelo mundo

Com um olho só

Quieta, muda

Fazendo um nó

(nos pensamentos dele)

_ És a Bruxa?

_ Como ?

Mais alto:

_ És a Bruxa?

Abriu seu olho cego e disse com muita tristeza:

_ Sou quem quer que seja !

_ Pois sim! Pode ser a Bruxa?

_ Posso. Que te aflige, meu caro?

_ São maus de amores... Coisas que não se esquece... Meu corpo doí e minh’alma quer sair de mim para se juntar com a dela. O que posso fazer?

Chorou, pois não tinha mais o que dizer.

De seu altar desceu a Bruxa

Segurou-lhe como mãe má

Tirou na manga aquilo que no momento há

Uma lança cheia de fermento e coentro

Enfio-a com força e sem mágoa

No coração dolorido dele

Entrou que nem água,

Saiu como seiva leve

Que escorre do vento tempestuoso

E o por segundo o mundo não era tão maldoso :

_ Ouça um conselho

Não olhe para o espelho

Mesmo que queira muito fazer

Por que é ele quem tu deve estar a amar

Mas se de tudo não resolver

Eis o que deves executar:

Junte sal e sol

E coma com o amargor

Em brasas fulgurantes

Do amor

A um coração enlameado pela dor

Não resta muito do que resolver

Se puder

Substituí esta lança pelo terror

Não o faça pelo objeto do amador

Escolha um lindo coração para coroar de prazer

Tens muito a fazer!

Vá e tire das costas esta velha cruz de ferro e zinco

Desça a escada de uma vez !

E me faça o favor prometendo perante a este altar

Nunca mais voltar


À Luciola - que muito temerosa conseguiu da Bruxa a punhalada do sucesso !

Você tem um futuro fadado ao puro esplendor divino, menina!

Hino maternal

Debruçada eternamente sobre seus planos
Aos sons, ao mar de um céu profano
Florais, ó dela, floram pungentes
Iluminada pela sabedoria mais clemente

Do que sua força mais singela
Teu risos cheios de cores
Sua vida, tanto bela
Sua vida, tantos amores

Ó minha amada
Mãe idolatrada
Salve! Salve!

Bela de amor, eterno símbolo
O lábaro de sua dignidade ostentas,
E segura forte esta flâmula,
Paz, por ti, o mundo inventa

Mas se sempre foi por mim
Verás que eu, filha tua, não fujo a luta
Nem temo a ti, pois te adoro

Mãe adorada
Entre outras mil
És tu, minha
Ó madre amada






À minha mãe
( Da filha deste solo fértil)




Nothing - (Pagu/Patricia Rehder Galvão)

Nada nada nada
Nada mais do que nada
Porque vocês querem que exista apenas o nada
Pois existe o só nada
Um pára-brisa partido uma perna quebrada
O nada
Fisionomias massacradas
Tipóias em meus amigos
Portas arrombadas
Abertas para o nada
Um choro de criança
Uma lágrima de mulher à-toa
Que quer dizer nada
Um quarto meio escuro
Com um abajur quebrado
Meninas que dançavam
Que conversavam
Nada
Um copo de conhaque
Um teatro
Um precipício
Talvez o precipício queira dizer nada
Uma carteirinha de travel’s check
Uma partida for two nada
Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
Um papagaio falava coisas tão engraçadas
Pastorinhas entraram em meu caminho
Num samba morenamente cadenciado
Abri o meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada.

Assonância

Brancos buracos negros
Levados pelos ventos
Histórias veladas
Revoadas pelo ar

Valsas versadas em contra-danças
Horas em minhas veias
Horas nas suas
Porém, sempre movidas por nós

Valquírias paradoxais
Dos desejos dourados
Dos vagões e varandas
Abarrotados de velhas lembranças

Certas verdades guardadas por mim
Velozes a se transformar
Vozes correndo á sua luz
Me vendo cegas, sem me assuntar

Se comigo vinculada está
Em seu eterno matér
Contigo verdadeira
Sempre estarei

Para Valéria Silva, que em seu eterno matér amabilis me ensinou tanto
e sempre esteve do meu lado, até nos momentos mais complicados.