Abajur

Ela te olhou no olhos
E riu pra dentro
De fora do mundo
Ela dança

O corpo dele que roda
A ronda dos desejos dela
Correndo atrás do menino de mentira
Das verdades que venera

Tudo sem ponto final
Ato fatal
Ah meu bem,
Como se sentiria se fosse o último gole?

Beleza que vestem-se mutuamente
E se descobrem no momento seguinte
Caindo no fundo
Até as portas estarem abertas

Ria, ria,
Para dentro dos próprios mortos
Ela sorria
Para secar a chuva que acabou de cair


Como pode querer que eu seja você?

Ah esta vontade de ser atriz...
De largar os panos deste plano
Ser cigarra
Ser feliz
Nem ligar para o que foi
Para as procissões e opiniões
Para as mais diversas relações
Para você que quer que eu vá
Mas não vai

Não ligar para mim
Ter o pensamento quieto
Ser menino
Ser velho
E ter um coração cheia de besteiras
Olhos prontos para jorrar as tristezas da humanidade
Ter sonhos feitos, plenos

Simplesmente sem ter-te por perto
Você que não sabe quem eu sou
E faz-me perder
O meu ínfimo amor
Não me admira...
Que me deixa a solidão
A margem do seu tempo
Caída ao chão
É aos prantos que te mato com força e coragem
Te empurro na forca do meu coração
Na forca da minha opinião
Não me perturbará mais
Sei que posso ser bem quem sou
Remou suas palavras
Seu capitalismo que me faz morrer
Seus dias de trabalho árduo
Sem sentido para viver
A inércia dos meus pobres percalços
Que não se enquadra em você


( a meu iap )

O que é a felicidade? ( Scarlet e Iza )

Felicidade é uma coisinha tão pequena,
uma inofensiva ilusão aleatória onde realizo todas as minhas contradições e contradanças
É a noite, entretanto, também é o dia.
É o bem , porém, também é o mal.
É tudo que sou e o que eu não sou.

Felicidade é o agora-já das fotografias velhas,
capturadas pela câmera secreta,
das palavras ditas,
dos anos mais frios,
guardadas pelo chuvisco e pelas tantas lembrança que cultivo,
pesadas demais para te mostrar.

Felicidade é fechar os olhos e estar em outro lugar
Por os pés no chão... e acordar.
São os nossos sorrisos e risos
Ao cair da tarde
Até o silêncio findar.

Felicidade é não encontrar palavras...
São as frases bestas levadas pelo mar
Pelo amar
É te ver resmungar.
É a capacidade, a inatividade, a metade
É saciar.

Felicidade são as janelas
E as meninas postas nelas
a me observar.
E os poetas a poetizar.

Felicidade é o pensamento
e o nem pensar.
São meus fragmentos amarelos
e olhos vermelhos

Felicidade é o dormir
e talvez não acordar.
É a mesa que se põe em seu olhar
É o pais de trebizonda
e as ronda do carpinteiro,
que insistem em me achar.

Felicidade é a claridade escura
dos caminhos que escolho
Onde sentir e observar
é uma questão de parar de especular.

Felicidade é tudo que quiser
o bem e o bom
de estar e ser
sem entender
e poder sonhar...