Sina da vaca
Verdades visíveis á luz da madrugada
Não gosto quando amanhece, o sol atrapalha a visão da noite escura. Então percebo como minha percepção é volúvel, que a realidade não passa de ilusão, assim como tudo que me atenho. Estou com fome, talvez um pouco de sede, mas não estou com um pingo de vontade de levantar para abrir a geladeira, o que só afirmaria meu sedentarismo aumentando. Agora começa a amanhecer de verdade, o sol já está iluminando o nosso pequeno lado do mundo. Será mesmo muito difícil ancorar um navio no espaço? Meu maior consolo é que do outro lado se faz noite, sombria, húmida ( além de úmida) e pálida. Ela vai construir e destruir as insônia e pesadelos coléricos e cheios de poesia. E o mundo será dois, dia e noite. Interligado pela dimensão dos que sonham e dos que apenas dormem. Mas em dois se fará a imensidão das multipolarides que ele realmente é, porém não conseguimos enxergar completamente ( ainda).
Sono seco, bocejo longo. Nem sei direito se vou ou não para a cama (acho que não). Preciso dormir para suprir minhas necessidades e trucidar certas ansiedades . Pensamentos loucos, soltos no meu sanatório particular, prematuros desta mãe prematura e sem jeito de pegá-los, ordena-los, endeusa-los: banhando com muita poesia e caricias de desejos . Preciso dormir para não pensar nas fazes da matéria, na agregação que sou deste mundo de tantas e tantas partículas as ciência, que só, é oca. Fugir do mundo periférico que se incendeia devagar, agarrado as besteiras cotidianas. Agora já é dia, ora de acordar. ( ou sonhar)
Ahhh Fernando de tantas pessoas !
Lamento - não leiam
Rascunho do sentimento
A bruxa e a lança
Devorado pelo amor que não o deixava em paz
Procurou pela bruxa
A quem ouviu dizer que tudo faz
Soube que para encontra-la
Teria que subir uma grande escada
Uma imensa escalada
De degraus vertiginosos
De ventos ruidosos
Ele se fez forte de todas as formas
Para aguentar todas as dores :
Do corpo e d’alma
Via o maior do seus temores
o cambalear
Quase desistiu de tal Bruxa alcançar
Depois de muita tortura,
Já desesperado
Chegou ao fim da escadaria muito cansado
Porém a Bruxa não avistou
E ficou gelado
Como quando o sangue cala
O coração ordena, mas o mundo para
Medo correu-lhe as veias
Ácido cru
No corpo nu
Por persistência da paciência
Foi diligente
Devagar procurou a Bruxa
E quando a viu não parecia nem um pouco inteligente
Uma sombra azulada
Como a escada de anil
Ele delirava de dor
Ignorando seu clamor
E ela olhava resignada pelo mundo
Com um olho só
Quieta, muda
Fazendo um nó
(nos pensamentos dele)
_ És a Bruxa?
_ Como ?
Mais alto:
_ És a Bruxa?
Abriu seu olho cego e disse com muita tristeza:
_ Sou quem quer que seja !
_ Pois sim! Pode ser a Bruxa?
_ Posso. Que te aflige, meu caro?
_ São maus de amores... Coisas que não se esquece... Meu corpo doí e minh’alma quer sair de mim para se juntar com a dela. O que posso fazer?
Chorou, pois não tinha mais o que dizer.
De seu altar desceu a Bruxa
Segurou-lhe como mãe má
Tirou na manga aquilo que no momento há
Uma lança cheia de fermento e coentro
Enfio-a com força e sem mágoa
No coração dolorido dele
Entrou que nem água,
Saiu como seiva leve
Que escorre do vento tempestuoso
E o por segundo o mundo não era tão maldoso :
_ Ouça um conselho
Não olhe para o espelho
Mesmo que queira muito fazer
Por que é ele quem tu deve estar a amar
Mas se de tudo não resolver
Eis o que deves executar:
Junte sal e sol
E coma com o amargor
Em brasas
Do amor
A um coração enlameado pela dor
Não resta muito do que resolver
Se puder
Substituí esta lança pelo terror
Não o faça pelo objeto do amador
Escolha um lindo coração para coroar de prazer
Tens muito a fazer!
Vá e tire das costas esta velha cruz de ferro e zinco
Desça a escada de uma vez !
E me faça o favor prometendo perante a este altar
Nunca mais voltar
À Luciola - que muito temerosa conseguiu da Bruxa a punhalada do sucesso !
Você tem um futuro fadado ao puro esplendor divino, menina!